“Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez”.
Pv.25.14
Quem já precisou escrever uma monografia, uma dissertação ou uma tese, sabe o tanto de texto que a gente tem que ler e o rigor da formatação exigida para produzir um texto acadêmico de qualidade.
Quando fiz minha especialização, escolhi a professora mais rigorosa do curso para ser minha orientadora. Sabia que ela iria tirar o máximo de mim, mesmo que isso me custasse muito esforço, suor e lágrimas. Comecei meu texto e com ele começou também aquele vai e vem acadêmico: você escreve, manda o texto, a professora corrige, você faz as alterações, lê mais, escreve de novo, tem novas ideias, você manda a versão nova, ela volta com outras alterações, e por aí vai.
Um belo dia, mandei uma de minhas versões – na esperança de que já estivesse perto da final – e pensando que já tinha aprendido muita coisa, eis que minha professora, aquela exigente pra caramba, sai com a maior lição de todas:
— Adriana, você esqueceu de citar o autor!
— Mas esse texto é meu, fui eu que pensei isso – ingênua eu, né.
— Você só chegou a essa conclusão porque você leu. Você deve esse pensamento aos textos que pesquisou.
E aí veio a sentença final:
— Adriana, você tem que dar crédito ao autor.
Wow! Um misto de vergonha e espanto me atravessou naquele momento. Mesmo a ideia sendo minha, eu precisava dar crédito a quem me forneceu o material intelectual para chegar à construção daquele pensamento. Ainda bem que tive alguém pra me orientar e corrigir essa falta gravíssima. Isso mudou a minha vida.
Enquanto professores, precisamos ter em mente, que uma coisa é a gente ler, pesquisar, buscar diferentes autores, ter referências confiáveis, se alimentar de muitas fontes e a partir disso formar o nosso repertório, construir o nosso conhecimento. Isso é lindo.
Mas outra coisa, bem diferente, é a gente pegar uma frase bonita, uma citação ‘cult’ de alguém que a gente admira e repassar durante uma aula como se ela fosse nossa, sem fazer nenhuma menção ao verdadeiro proprietário intelectual daquele pensamento. Isso é feio. Muito feio.
Um dia lendo a Bíblia, um versículo me salta aos olhos de maneira diferente: “como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez”. Lembrei da lição da minha antiga professora e agradeci por já ter aprendido a não ser nuvem vazia.
Por isso, querido professor, leia, leia muito. Faça suas pesquisas, consuma conteúdos de artigos da internet, leia livros de autores de quem você gosta, devore a Bíblia, mas na hora de dar a sua aula, se precisar lançar mão do pensamento de qualquer uma dessas pessoas que te conduziram na construção desse conhecimento que você está prestes a compartilhar, seja honesto, seja justo e seja grato: dê crédito ao autor.