A escuridão e a umidade da caverna. O calor e o frio do deserto. A solidão de ambos. Parece familiar?
Ninguém corre pra caverna pra dar um banquete ou para celebrar uma vitória. Corre pra fugir, pra se esconder, para sobreviver. Mas não dá pra ficar lá pra sempre. É preciso desejar o tempo de sair. Na caverna a gente espera, mas se a espera não for alimentada por um sentimento de reação, a morte é iminente.
Ninguém vai passear no deserto. Ele faz parte da rota, quase que uma parada obrigatória. Árduo, árido, difícil, quente, frio, perigoso e seco. Ele não é o seu destino, é só parte do caminho. Não é lá o seu repouso e você só deve estar lá de passagem. Deserto é lugar de armar e desarmar tendas, não de edificar casas. Aproveite todas as lições que ele tem pra te oferecer, mas não se acostume com ele.
Na caverna, Davi se esconde para fugir de Saul, mas também é lá que ele forma seu poderoso exército. Soldados fortes e treinados? Não: homens amargurados, oprimidos e endividados, mas em vez de esperarem a morte, decidiram usar seu tempo lá dentro para se fortalecerem. Sim, fugindo dos seus opressores, escondidos de seus problemas, se esquivando de lutas antigas e se preparando para lutas novas. Os homens que saíram de lá, não são mais um bando de derrotados fugitivos, mas um exército de valentes. Eu não conheço mais nenhum exército tão exaltado na Bíblia como o de Davi. Tudo começou na caverna, mas não é lá que as coisas devem terminar. Um reino está a sua espera.
Elias fugiu pra caverna depois de fazer descer fogo do céu, a maior manifestação sobrenatural do tempo dos reis, a presença de Deus visível e poderosamente derrotando a idolatria que imperava naquela nação. No entanto, diante da ameaça de uma única mulher, o esgotado Elias foge para uma caverna e chega a pensar que é melhor morrer do que viver. Aliás, esse é um pensamento típico da caverna, por isso é importante não ficar preso lá. Deus então chama Elias pra fora, mas ao sair, tudo que ele vê é tormenta. Passou o vento e ele espera por Deus, mas Ele ainda não está ali. Em seguida, um terremoto – agora Deus vem – mas não. O fogo! Opa! O fogo eu conheço! Ele está se aproximando. Ainda não. Então um cício tranquilo e suave envolve o profeta … talvez a calmaria do lado de fora tenha invadido a alma de Elias e ele finalmente pode ouvir Deus. Quem resiste até o fim, crendo contra a esperança e ansiando por Deus até o último suspiro, esse pode sentir o frescor da brisa suave. O vento leve batendo no rosto de Elias, anuncia que a tormenta passou. Ele pode respirar fundo, seguro, a salvo. As perturbações da sua alma começam a se aquietar dentro dela, e numa atmosfera de tranquilidade, vem a voz de Deus. Suas forças são renovadas e os pensamentos de morte não existem mais. O Elias que sai da caverna ainda unge dois reis e um profeta. Ele atravessa rios e desertos para o grande encontro da sua vida. Aquele que pediu a Deus a morte, foi ao encontro Dele sem ter que passar por ela.
Na caverna você se esconde, mas no deserto, você caminha. Se parar, morre. Qualquer dificuldade deve ser superada, qualquer desafio deve ser vencido. Apesar da aridez e da solidão, da exaustão do calor, você sabe que tem que continuar. No deserto Deus se manifesta. Deserto é lugar de provisão. Às vezes, você pode ter sido atraído pra lá, só pra ouvi-lo falar ao seu coração. Até Jesus passou pelo deserto. Ele é inevitável, acredite, mas não é pra sempre. Tem novidades incríveis de Deus te esperando do outro lado.
Desertos e cavernas fazem parte do aperfeiçoamento da nossa vida cristã. Mas de nada vale a passagem por lá se não for o lugar do seu encontro com Deus. Podemos fugir da nossa dor, nos esconder dos nossos problemas, mas não escapamos dos olhos do Pai e nem do seu amor. Na caverna Deus te acha, no deserto Ele te vê e te sustenta. Sim, Ele entende que existe um tempo pra você se recompor, mas quando esse tempo chegar ao fim e ele te chamar pra fora, saia. Quando a caminhada no deserto chegar ao fim, celebre.
Desfrute das novidades da terra como o povo de Israel. Assuma o trono como o fez Davi. Manifeste-se ao mundo, assim como Elias.
Cumpra a sua missão!