“Se a família tradicional cristã vai vencer? Não, não vai (…) nem família, nem Cristo. A família tradicional cristã: a família heteronormativa, com casamentos duradouros e onde aqueles que são os genitores vivem muitos anos com aqueles que eles geraram… não, não… tudo isso pode explodir.”
Maria Homem – Psicanalista
Para entender a razão de tamanha prepotência de “especialistas” progressistas, é preciso percorrer o caminho de teorias que tem influenciado a sociedade de maneira geral, incluindo os cristãos, e que tem alterado profundamente o funcionamento das famílias.
E para isso, vamos começar com uma analogia: aviões.
Na atualidade, invariavelmente a causa de queda de aviões é falha humana, seja do piloto, ou por procedimentos de manutenção negligenciados. No entanto, na década de 50/60, a aviação ainda era muito experimental e falhas no projeto de aeronaves foram responsáveis por acidentes, como foi o caso do primeiro avião a jato fabricado: o Havilland DH 106 Comet. A maioria dos aviões da época voavam a baixas altitudes, onde a pressão atmosférica era semelhante à da superfície da terra. Porém os aviões a jato necessitam voar a uma altitude muito superior, onde as oscilações de temperatura e o sistema de pressurização causavam fadiga no material, problema desconhecido na época. As janelas quadradas sofriam pressão maior, ocasionando micro-rachaduras, que se agravavam durante o voo, causando a desintegração das aeronaves no ar. Descobriu-se finalmente que os projetistas não tinham preparado a estrutura para ser usada com essa diferença de pressão, logo os aviões se transformavam verdadeiras “bombas” voadoras. As janelas dos primeiros Comet eram quadradas, o que criava pontos de tensão nas extremidades. E por isso, a partir dessas tragédias, os aviões passaram a ter janelas redondas e ovais, com o propósito de descentralizar a tensão e, consequentemente, a fadiga metálica.
Verificamos nesse exemplo como um aparente pequeno detalhe no projeto de uma aeronave: janelas quadradas ou ovais, tem a capacidade de transformar o avião de um meio de transporte seguro, em uma bomba.
Analogamente, mudanças na estrutura da família, provocado por teorias seculares, com raízes revolucionárias, tem comprometido seu projeto original.
Usando ainda a analogia do projeto de uma aeronave, não basta o projeto correto, é indispensável que as pessoas envolvidas não negligenciem suas responsabilidades para um voo seguro, caso contrário, acidentes vão acontecer.
E é isso que temos testemunhado. O projeto original da família tem sido descaracterizado e uma epidemia de famílias disfuncionais é a realidade deste tempo. Pessoas perdidas em sua identidade e com profundas disfunções emocionais é o resultado.
Família Original
A família tem um projeto e um propósito.
Entenda-se como Família Original a estruturação dada por Deus, biblicamente, a esta que é a célula fundamental da sociedade. Em geral chamada de família tradicional, o termo usado nesse texto tem por objetivo reavivar o entendimento de que essa estruturação não foi recebida por uma tradição social ou civilizatória, mas, sim o formato recebido pela revelação das Sagradas Escrituras.
A Dr Ilma Cunha, em seu livro “Enigmas da Alma”, traz importantes definições acerca do papel e do propósito da família, em seu formato original, e sua conexão com o Reino de Deus.
“A família, em sua estruturação definida na Palavra, é uma representação do Reino de Deus aqui na terra, um território dos céus na terra com a responsabilidade de implantar a cultura do Reino de Deus e fazer a transmissão geracional de seus princípios. Uma estrutura hierárquica, um governo como representante legal de um Reino invisível para um reino visível neste mundo: reinos conectados nos mesmos princípios, debaixo de uma delegação de autoridade do Rei dos reis para dominar um território que lhe foi confiado.”
Ainda segundo a autora, “cada cônjuge em sua função definida, tem a responsabilidade pela transmissão dos princípios de Deus, crenças e valores, para a geração seguinte.”
Aqui estamos falando do modelo original de família, que carrega em si a mensagem da trindade e pré figura a família celestial, na qual fomos adotados: a família heterossexual (formada por um homem e uma mulher biologicamente determinados), monogâmica, com laços matrimoniais duradouros e funções de cada cônjuge em papéis bem delimitados, alinhados à instrução bíblica: homem: liderança e provisão. Mulher: suporte, cuidados com o lar e com os filhos.
O que é Ideologia de Gênero?
Ideologia de gênero é o termo utilizado comumente no meio cristão para se referir aos estudos de gênero, que separam a dimensão do sexo biológico da “identidade” de gênero. Segundo esta teoria, o ser humano nasce dotado de determinadas características biológicas que o enquadra como um indivíduo do sexo masculino ou feminino. No entanto, o sexo não determinaria ou limitaria a “identidade de gênero” de um indivíduo. A “identidade de gênero” seria o modo como a pessoa se enxerga, como ela se reconhece: se homem, se mulher, se os dois, se nenhum, se ora um, ora outro. Enquanto o sexo é determinado biologicamente, o gênero seria uma determinação social e cultural. Por estar sujeita às possibilidades de autopercepção, o gênero pode ser versátil e mutável.
Essa é uma teoria que vem dar sentido ao mundo onde os papéis de homens e mulheres na família estão completamente diluídos, ou no mínimo, confusos, algo que é fruto direto do feminismo.
Uma sociedade onde o divórcio foi popularizado e normalizado pelo feminismo. Uma sociedade que passou pela revolução sexual, que é uma “conquista” feminista. Uma sociedade onde as mulheres se emanciparam do “papel de gênero” dado por Deus a mulher na família, o tripé: esposa, mãe e principal cuidadora do lar. Uma sociedade de mulheres empoderadas que não vivem em suas famílias a hierarquia do projeto arquitetado por Deus. Uma sociedade feminista que tem respondido com rebelião a opressão machista.
Enquanto o machismo é o traço misógino, de ódio a mulher que a trata com violência, desprezo, opressão, crueldade, não refletindo os valores do Reino de Deus, da mesma forma, o feminismo é o grito de independência rebelde da mulher que abandona seu ministério feminino no lar, para se autodefinir.
Gênero e Feminismo são duas faces de uma mesma moeda.
O feminismo não é um movimento que procura promover os direitos das mulheres, que defende o respeito pela dignidade da mulher, como diz o senso comum. O feminismo é um movimento revolucionário, político e oportunista que explorou injustiças sofridas por mulheres para avançar em suas pautas revolucionárias.
Para o feminismo, a raiz de uma sociedade injusta, é a família heteronormativa e patriarcal (cuja liderança é masculina), que aprisiona a mulher aos papéis de esposa, mãe e cuidadora do lar. A fonte da desigualdade de gênero está na família original, com sua hierarquia e seus papéis de gênero. Inclusive quando falamos sobre “igualdade de gênero” o objetivo é a diluição total da feminilidade e masculinidade, descontruindo a “binaridade” homem X mulher.
Uma família heteronormativa, forma uma sociedade heteronormativa, que inclui a (absurda) ideia de que existem apenas machos e fêmeas e que estes se complementam. Também inclui a ideia que cada sexo tem “papéis naturais” na vida, como o da mulher responsável pela vida doméstica e o homem responsável pela provisão e proteção. Neste cenário, apenas a heterossexualidade é considerada como “normal”.
O feminismo abraçou e internalizou as teorias de gênero porque sua visão de mundo considera que a feminilidade é uma invenção masculina para aprisionar mulheres em uma posição exploração.
Visto que a masculinidade e a feminilidade são esvaziadas de seus papéis na família, a humanidade é finalmente livre para se auto determinar:
“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre.” Simone de Beauvoir
E porque nossos papéis na família deixaram de se complementar, não há sentido para sustentar a necessidade e exclusividade heterossexual. O resultado é uma geração bissexual.
Neste cenário surgem os gêneros não binários: pessoas que não são nem mulher e nem homem. E que começam a requerer sua representatividade na linguagem: os Elxs, os todes, toda essa novilíngua, criada para acomodar uma geração desconstruída dos seus papéis de gênero.
São exemplos de gêneros não binários:
Netuniane: Alguém não-binárie cujo gênero é ligado ao vácuo e flutua com leve energia celestial masculina.
Celestariane: Alguém cujo gênero é uma combinação de jupariane, lunetiane e mercuriane. Alguém que é celestariane pode mudar entre os três gêneros e/ou sentir diferentes quantidades dos três de tempos em tempos.
Schrodingênero: Alguém que sente ter e não ter certo gênero ao mesmo tempo. Alternativamente, um gênero que é vários gêneros ao mesmo tempo.
Ambonec: Um gênero que é homem e mulher, mas que, ao mesmo tempo, não é nenhum dos dois.
As teorias sobre gênero são fruto da terceira onda feminista.
Como proteger nossas famílias da “Ideologia de Gênero”?
Viva os papéis de gênero dados por Deus a família. Tenha uma família heteronormativa e use a força da parentalidade (maternidade/paternidade) intencionalmente para discipular seus filhos e blindar a mentalidade deles com a Palavra de Deus. Invista na formação de discípulos e mentoreie a próxima geração. Não terceirize nem negligencie a sua missão familiar.
Crie seus filhos declarando e reafirmando sobre eles sua identidade dada por Deus, que revela a imagem e semelhança do nosso Criador. Conecte-se a eles e transmita os seus valores.
Envolva-se, acompanhe o que é ensinado aos seus filhos pela escola. Ela tem sido um grande canal para a transmissão desses valores anticristãos.
Esteja engajado em filtrar os conteúdos aos quais seus filhos têm acesso por meio da televisão e da internet.
Busque candidatos alinhados a um posicionamento claro anti gênero.
Estude sobre o assunto e se posicione em situações cotidianas.
E o mais importante de tudo: encha-se do Espírito Santo para que tenha discernimento para guiar as transformações e a cura que tanto sua família quanto você pessoalmente precisam para a convivência familiar funcional.
As teorias de gênero destroem a família na medida em que destrói a identidade das duas matrizes líderes, a binaridade sobre a qual se sustenta a família original: homem/mulher, e isso só está sendo possível graças ao trabalho de décadas e aceitação por parte das famílias da diluição dos papéis biblicamente ordenados para as duas lideranças familiares, focando na difamação e desonra do papel dado por Deus às mulheres na família, e valorização de objetivos profissionais, acadêmicos e até ministeriais como superiores ao ministério familiar. O fim da hierarquia e da liderança masculina e empoderamento da mulher na família.
Se nos moldarmos a uma sociedade corrupta, que rejeita a verdade do evangelho, em suas práticas, sofreremos as mesmas consequências, e perderemos nossa capacidade de refletir a luz da revelação divina em nossas relações. O sal insípido para mais nada serve se não para ser lançado fora e pisoteado pelos homens.
Honremos a estrutura dada por Deus e que sejamos a prova que a cosmovisão feminista, secular não passa de uma difamação satânica da vontade de Deus.
Que sejamos homens e mulheres que honram sua vocação dada por Deus na família. Mulheres que priorizam seu ministério dado por Deus, e isso não significa que não possam trabalhar, mas significa que estão livres para questionarem tudo que a lógica de empoderamento feminista impõe como sobrecarga.
Deus não chamou exclusivamente a mulher para o lar. Mas, a vida profissional não é PRIORIDADE para a mulher que escolhe ter uma família.
Se o feminismo investe tanto nas mulheres e tem feito toda essa revolução social é porque nós temos em Deus, um poder fundamental de influenciar a sociedade que não é o poder masculino, mas é o poder feminino.
E é isso que primeiramente satanás, e secundariamente o feminismo pretende destruir.
Se a receita feminista é diluir a participação das mulheres nas famílias, que como Igreja decidamos sermos pessoas que repercutem a honra masculina, ao lar, à maternidade, sem com isso negar a possibilidade de termos um trabalho, e desde que isso não comprometa o nosso ministério familiar.
Deus não vai mudar seus princípios por causa da difamação feminista/satânica que tem empoderado a mulher para se emancipar dos papéis dados por Deus a ela.
Mas eles não me ouviram nem me deram atenção. Antes, seguiram o raciocínio rebelde dos seus corações maus. Andaram para trás e não para a frente.
Jeremias 7:24
Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
2Corintios 10.5