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Ciro, um instrumento de Deus para a restauração de Israel

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De acordo com Ogden e Sterk (2011, p. 1237) os babilônios destruíram Jerusalém e o Templo quando capturaram a cidade em 587 a.C. Deus prometeu reconstruí-la por meio de Ciro. As pessoas no exílio babilônico desejavam que isso acontecesse (Salmo 137). Ciro era o rei da Pérsia, mas por meio de suas vitórias sobre os impérios de sua época (Média, Lídia e Babilônia), ele se tornou o imperador do maior império conhecido até então. Sua política para com os conquistados era de tolerância e compreensão. Alguns historiadores consideram seu reinado como um momento decisivo na história antiga. MacDonald (2011, p. 657) destaca o fato de que a profecia registrada em Isaías 44:28 acerca de Ciro é notável pelo fato de mencioná-lo por nome cerca de 150 a 200 anos antes do nascimento desse governante. Ciro é citado novamente como o instrumento usado por Deus para libertar seu povo da Babilônia e autorizar a reconstrução do templo.

Grogan (1986, p. 270) afirma que o autor de Isaías fez diversas alusões a Ciro antes do capítulo 44 mas sem nomeá-lo. Porém, no capítulo 44:28 encontra-se o clímax poético-profético, um pouco menos dramático do que o nome é a descrição de Ciro como “meu pastor”, pois ele era um estrangeiro pagão. O termo “meu pastor” lembrava o povo do papel de pastor de seus próprios reis, especialmente de Davi (2 Sm 5:2). As ovelhas perdidas deveriam ser reunidas e devolvidas ao seu verdadeiro redil em Judá por este estrangeiro, que tornaria possível a reconstrução de Jerusalém e do templo sagrado do Deus de Israel. Esta profecia fornece a primeira referência explícita no livro de Isaías aos planos de Deus para reconstruir a cidade, antes mesmo dela ter sido destruída. Todos esses fatos ressaltam a soberania de Deus e o cuidado especial que ele tem para com o seus escolhidos. Barry et al (2016, n.p) afirma que a expressão “meu pastor” era uma designação própria esperada dos reis davídicos que deveriam ter desempenhado o papel de pastor do povo de Deus, no entanto, ela foi atribuída a Ciro, um conquistador estrangeiro (Ez 34:1-10).  

MacDonald (2011, p. 657) comenta que o autor de Isaías no capítulo 45:1–6 registra outra designação curiosa atribuída a Ciro, “ungido”, o mesmo termo que “messias” em hebraico, pois o monarca da Pérsia foi um protótipo do Messias, que concederia livramento final ao seu povo. Deus prometeu dar vitória a Ciro sobre as nações, principalmente a Babilônia, além de remover todos os obstáculos a suas conquistas e lhe entregar grandes quantidades de tesouros escondidos e riquezas encobertas. Ainda se dirigindo a Ciro, o SENHOR se refere a si mesmo como o único Deus verdadeiro que trata Ciro pelo nome, que o chama de ungido e pastor (Is 44:28) e que o capacita para sua missão. Deus faz tudo isso por amor a seu povo e para que todo o mundo saiba que somente ele é o SENHOR.

Barry et al (2016, n.p)  ao comentar a expressão “ungido” atribuído a Ciro, refere-se à seleção do monarca para um propósito específico, salvar Israel.  O termo hebraico mashiach (“ungido”) reflete a tradição de selecionar e equipar para o serviço, por exemplo, os reis foram ungidos pelos profetas de acordo com os textos bíblicos de 1 Sm 10: 1; 16:13 e 1 Rs 19:15–16. O contexto bíblico apresenta o elemento central de todo o argumento contra os ídolos, que não podem declarar o futuro. Assim as predições acerca de Ciro se tornam a evidência específica de que Deus pode predizer e prediz o futuro. A descrição do imperador pagão em termos apropriados a um monarca dadívico teria sido incômoda a um judeu devoto. Como era possível que esse personagem fosse chamado Meu pastor (2Sm 5.2; 1Rs 22.17; Ez 34.23)? Ou, como era possível que se dissesse de alguém como este, impuro e profano, cumpriria a vontade de Deus (Sl 5.5)? Mas este é precisamente o tipo de coisa nova acerca da qual o Senhor falara (43.19). Se a casa de Davi demonstrara um covarde desrespeito por Deus (7.13; 39.7), este encontraria uma nova forma de manter suas antigas promessas, mesmo em relação à casa de Davi. De uma maneira maravilhosamente engenhosa, Rute, a despeito de ser estrangeira, veio a ser uma ancestral de Davi (Rt 4.13–22), o estrangeiro Ciro tipifica o Messias davídico (Is 53.10; Zc 11.4; 13.7; Jo 8.29; 10.11).

Oswalt (2011, p. 247) afirma que se os ouvintes de Isaías se sentiram chocados por ser Ciro chamado pastor de Deus (44.28), teriam se sentido ainda mais chocados quando ele foi chamado de ungido. Este título fora previamente reservado para os sacerdotes, profetas e reis de Israel. Seguramente, Deus só podia usar pessoas do seio de seu povo eleito para a concretização de seus propósitos. Mas foi exatamente este o ponto que Isaías estava tentando provar: Deus não é o Senhor exclusivamente de Israel; ele é o Deus do mundo inteiro. A soberania passiva se fez evidente na declaração de que Deus atribuiu a Ciro seus títulos honoríficos de “pastor” (44.28) e “ungido” (45:1). Deus usa quem quer e quando quer e isso também faz parte da soberania divina.



REFERÊNCIAS

BARRY, J. D., MAGNUM,  D., BROWN, D. R., HEISER, M. S., CUSTIS, M., RITZEMA, E., BOMAR, D. Faithlife Study Bible. Bellingham, WA: Lexham Press, 2016.
MACDONALD, W. Comentário Bíblico Popular: Antigo Testamento. 2a edição. São Paulo: Mundo Cristão, 2011.
GROGAN, G. W. The Expositor’s Bible Commentary: Isaiah, Jeremiah, Lamentations, Ezekiel. Vol. 6. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1986.
GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, 2018.
JAMIESON, R., FAUSSET, A. R., BROWN, D. Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible. Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, 1997.
OGDEN, G. S., STERK, J. A Handbook on Isaiah. Vol. 1 and 2. Reading, UK: United Bible Societies, 2011.
OLYOTT, Stuart. Ouse ser firme: o livro de Daniel. São José dos Campos, SP: Fiel, 2018.
OSWALT, J. Isaías. 1a edição, Vol. 2. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011.
PINK, A. W. Deus é Soberano. Segunda Edição. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 1997.
PINTO, C. O. C. Foco & Desenvolvimento no Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2014.
STRONG, J. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento, Volume IV, Profético. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

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