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A Bíblia precisa ser atualizada?

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“Secase a erva, e cai a florporém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”. Is 40.8

Desde queda do Homem, utilizando-se de artimanhas enganosas, Satanás assumiu o controle deste mundo caído (Gn 3.1-19). Desde então, “o príncipe desse mundo” tem se empenhado em usar a mentira e o erro para cegar o entendimento dos homens distanciando-os cada vez mais da verdade.

Sabemos que o “modus operandi” de Satanás, desde o Éden, embora tenha se aperfeiçoado, na sua essência, ainda consiste em levar as pessoas a questionarem a Palavra de Deus: “Foi assim que Deus disse…? (Gn 3.1). Ao instilar a dúvida nos corações pouco embasados nas Sagradas Escrituras com o objetivo de desacreditá-la, alguns teólogos e pastores famosos tem se esforçado (e muito) para cumprirem essa agenda satânica, emprestando seu tempo, talento e influência para fazer ecoar novamente a voz da serpente: “Mas será que foi assim mesmo que Deus disse?

Há pouco tempo, um pregador e pastor evangélico “famosinho” afirmou em uma pregação que a Bíblia precisaria ser atualizada. De acordo com ele, a Bíblia precisaria de uma releitura, posto que ela (a Bíblia, a Palavra de Deus) seria insuficiente ao tratar de questões relativas ao mundo contemporâneo. No caso específico da questão do comportamento homossexual por exemplo: esse tipo de comportamento não pode ser considerado errado pelos cristãos por conta de um ou dois textos bíblicos que, segundo ele, precisariam ser ressignificados.

Em sua mensagem, o pastor “modernoso” enfatiza que os princípios bíblicos precisam ser relidos e ressignificados para que a Igreja possa se aproximar dos perdidos e fazer sentido no mundo contemporâneo. Traduzindo: a Bíblia tornou-se um livro insuficiente, obsoleto, e necessita urgentemente de uma revisão! Esqueçam a doutrina da inerrância e suficiência das Escritura pois ela não existe mais. É preciso atualizar o texto ou enxergá-lo com outro olhar.

Para ele, a Palavra de Deus está desatualizada nessas questões sociais e comportamentais ou, no mínimo, mal traduzida, mal interpretada e, portanto, mal aplicada.

Não é de se admirar o processo de desconstrução e de relativização que certos mestres estão fazendo com a Bíblia e, até mesmo dentro do arraial evangélico, o esforço de construir narrativas e a criminalizar a opinião daqueles que enaltecem seus valores; a partir de promoção de novas teologias e metodologias de interpretação, à partir da Bíblia.

Pasmem! No entender desse pregador (e de um número significativo de teólogos liberais e ativistas) a questão da discussão de gênero na sociedade, seria uma das razões que justificaria a atualização da Bíblia. O entendimento de que, se a igreja quiser ser de fato uma referência para esse mundo precisa atualizar o seu manual, a Bíblia, é algo que vem ganhando força no “arraial evangélico”. E qual é a justificativa? A Igreja precisa reconhecer os enganos que tem cometido em relação à questão de gênero. Em outras palavras, segundo ele, ao manter uma visão conservadora e ortodoxa nessa área, a igreja estaria cometendo pecado.

Ao longo da história, porém, é facilmente observável que não é a primeira vez que a Bíblia sofre esse tipo de ataque. Muda a temática e a forma como é feita, contudo, a metodologia e a hermenêutica usadas desde o episódio da serpente no Jardim, continuam as mesmas.

Infelizmente, o pastor em questão não é uma voz isolada: ele é apenas mais um daqueles que enxergam a questão do comportamento homossexual como normal. Assim, os relacionamentos homoafetivos são vistos a partir da perspectiva da denominada “teologia inclusiva”. É dentro dessa nova perspectiva que se faz apologia do evangelho social, ecumênico e homoafetivo.

Em virtude do acima exposto, a pergunta é inevitável: a Bíblia precisa ser atualizada?

A Bíblia é a inspirada, a inerrante e a infalível Palavra de Deus…

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.” (2 Tm 3.16)

O tempo não afeta a Bíblia. Nenhuma outra obra descreve o passado, fala sobre o presente e revela o futuro como ela. Billy Graham, o maior evangelista do séc. XX, disse certa vez: “A bíblia é mais atual do que o jornal que irá circular amanhã”. Se a bíblia fosse um livro que falasse sobre qualquer outro tema, com certeza estaria desatualizada. Se ela fosse um tratado sobre Ciência, estaria desatualizada. Se ela falasse sobre operações financeiras, medicina, Arquitetura, Engenharia, TI ou outro assunto qualquer, estaria a milênios desatualizada.

Mas a Bíblia nos fala de Deus! Ela nos mostra que Ele é imutável. Ela nos fala que o homem é um pecador, e isso não mudou e não mudará. Ela consegue ser ao mesmo tempo, o livro mais antigo e mais moderno do mundo. E é lógico pensar que, se a Bíblia fosse de origem humana, em dois milênios, ela estaria desatualizada. E se em mais de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la ou substituí-la é por que não pôde! E é por isso que ela é um livro realmente incomum:sua mensagem continua a satisfazer a necessidade de conhecimento de Deus por parte de uma criança, como também do mais velho ancião.  

Alguém disse certa vez que Depois de quase 2.000 anos de escrito o último livro da Bíblia, a impressão que se tem é que a tinta do original está ainda secando…”. E é por isso que, nos seus milhares de anos de leitura, a Bíblia nunca foi esgotada por ninguém. Eu não conheço ninguém que já tenha se cansado de ler o Salmo 23; que tenha se cansado de ouvir o que diz João 3.16 ou o cap. 13 de I Coríntios 12. E sabe por quê? Por que cada vez que lemos essas passagens (para não falar nas demais), o Espírito Santo nos revela coisas que nunca tínhamos visto antes e assim Ela continua a ser a resposta às indagações da humanidade a respeito de Deus e do homem.

Porém, mesmo com toda a sua riqueza, não é novidade para ninguém que a Bíblia sempre sofreu ataques ao longo dos séculos. Inúmeras foram as tentativas de desacreditá-la e, até mesmo, aboli-la da sociedade. Sua leitura foi proibida, sua impressão desautorizada, seus exemplares foram queimados e, em outras ocasiões, ela foi considerada uma leitura não recomendável, obsoleta e desnecessária. Enfim, em diferentes momentos e épocas sempre houve algum levante contra a autoridade das Escrituras. Decretos imperiais, restrições papais, perseguições eclesiásticas, nada, simplesmente nada conseguiu exterminar a Bíblia Sagrada.

Voltaire, pensador francês, afirmou que “dentro de 100 anos, a Bíblia e o Cristianismo serão varridos da existência e passarão à história”. E como Deus não perdeu o controle da história, ao invés disso, apenas vinte e cinco anos após sua morte, a Sociedade Bíblica Britânica e Internacional, comprou a casa do filósofo iluminista e a usou como editora para imprimir e distribuir milhares de Bíblias em toda a Europa!

A chamada Teologia Narrativa

“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias”. Martinho Lutero.

A chamada Teologia Narrativa está vinculada diretamente ao conceito de Hermenêutica Generosa ou Hermenêutica Pós-moderna. O seu nome se deve ao fato de que seus adeptos propõem que a Bíblia precisa ser entendida não como uma obra proposicional, que apresenta doutrinas, mas tão somente como uma grande narrativa devocional que deve ser lida e interpretada sem preocupação com as regras de hermenêutica.

Essa Teologia Narrativa seria uma construção teológica alternativa contra o que os emergentes chamam de repetição dogmática ou rigidez científica na interpretação da Bíblia.

Essa teoria que afirma que a Bíblia precisa ser atualizada, tem sua origem no pensamento de homens como Friedrich Nietzsche, filósofo ateu e anticristão, considerado o pai da pós-modernidade. Ela é fruto de uma compreensão pós-moderna da história e se vale de pressupostos de uma interpretação centralizada no leitor do texto, e não no seu autor.

Esse modelo interpretativo, tem influenciado as academias e virado moda entre muitos pregadores, inclusive pentecostais, e é fruto de uma realidade maior — a tentativa de desconstruir o paradigma judaico-cristão, que tem na Bíblia o seu alicerce.

Influenciados pelos escritos de Nietzche, três filósofos — Jacques Derrida, Michel Foucault e  Julia Kristeva –criaram dois movimentos chamados pós-estruturalismo e desconstrutivismo. O Desconstrutivismo de Jaques Derrida, popularizou a teoria de que todo tipo de discurso é, no fundo e sempre, uma tentativa de exercer influência e poder sobre as pessoas, e daí, segundo ele, qualquer texto deve ser lido sem procurarmos qualquer intenção do autor por trás dele. E assim sendo, princípios hermenêuticos clássicos devem ser desprezados totalmente. Isso é desconstrutivismo.

Infelizmente, mais tarde, a Teologia aplicou o pós-estruturalismo e o desconstrutivismo às suas bases para criar a chamada Teologia Narrativa, defendida hoje pela maioria esmagadora dos teólogos adeptos da chamada Igreja Emergente e por alguns cristãos simpatizantes.

A consequência nefasta disso é que, em algumas igrejas, o relativismo está completamente desenfreado e o cenário onde se igreja tolera tudo e qualquer coisa se estabeleceu.  

A relativização das Sagradas Escrituras 

“Mas, ainda que nós […] vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8).

Dentro dessa nova configuração cultural, o relativismo é inevitável. Não há valores perenes ou absolutos. Na verdade, há muito que o relativismo ético moral vem se insurgindo na sociedade e de forma sorrateira na igreja. Não há mais parâmetro por meio do qual se possa dizer o que é certo ou errado. E se Tudo é relativo, a Bíblia representa apenas mais um ponto de vista dentre vários. E essa nova forma de pensar e agir diferente daquela que estávamos habituados a enxergar, se contrapõe ao Cristianismo procurando desconstruir, não apenas sua herança cultural, mas, sobretudo, seu conjunto de valores ético morais e espirituais. A consequência: a relativização das Escrituras

 Mas seria errado contextualizar a Bíblia?

Em absoluto! Contextualização não significa adaptação. A contextualização sadia consiste na decodificação e na transmissão integral dos conteúdos, axiomas, doutrinas e valores da Palavra de Deus à nossa geração. Já a contextualização doentia, aplicada pelos emergentes, adapta e distorce os princípios bíblicos conforme os sabores de nossa época.

Ora, os ensinos da Palavra de Deus não devem ser alterados para se acomodarem aos gostos de uma geração. O Salmo 19.7 nos diz que “A lei do Senhor é perfeita”.A Bíblia apresenta verdades absolutas, sólidas, imutáveis, inegociáveis, inamovíveis que devem ser guardadas e observadas e, dessa maneira, não existe margem para a sua relativização.  

Como Igreja, não devemos ser inconstantes doutrinariamente. Não podemos aceitar nada que mutile ou distorça a mensagem da Bíblia. Devemos ser “coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15). Os apóstolos guardaram a Palavra que receberam de Jesus (Jo 17.6) e a entregaram da mesma forma como a haviam recebido. O evangelho é a “Palavra da Verdade” (Cl 1.5) que devemos guardar, praticar e defender (Jd 3).

Não podemos rejeitar o que ela nos ensina ou trocá-la pelas novas teologias, ou por conta do politicamente correto. A Bíblia é a Palavra de Deus e, por isso, sempre será atual e relevante para a humanidade.

Contra a bíblia já se levantaram intelectuais, religiosos, poderosos reis e imperadores…  Ela já foi examinada, criticada e atacada severamente de todas as direções, mas o tempo continua a provar que todos essas ações caíram e continuarão caindo por terra. Ao longo dos anos, a Bíblia tem sido uma poderosa bigorna que tem derrotado muitos dos martelos dos escarnecedores. E mesmo daqui a mil anos, cada tentativa injusta, falsa e covarde não terá êxito contra a Palavra de Deus.

Como disse Pedro “a Palavra do Senhor, porém, permanece eternamente”. 1 Pedro 1.25.

Bibliografia

Daniel., Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pag. 75-78.

Gonçalves. José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

Silva, Antônio Gilberto da, A Bíblia através dos séculos. Editora: CPAD. 15 Edição 2004.

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