“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado”. Tg 4.17
sf. 1. Ação ou resultado de omitir (-se), de deixar de dizer ou fazer algo; Falha: O diretor não participou da falcatrua, mas pecou por omissão.
2. Ação ou resultado de desprezar ou esquecer; Esquecimento; Preterição;
3. Aquilo que foi omitido; Falta; Lacuna: Não perdoou a omissão do chefe.
4. Falta de ação; Imobilismo; Inércia; Letargia [Antôn.: movimentação.]
O que é omissão?
Há algum tempo atrás, nas celebrações de ceia nas Assembleias de Deus, era comum os crentes, enfileirados diante do altar, pedir perdão por “palavras, pensamentos, obras e omissões…” Nesses tempos de processos por constrangimento, essa prática foi abandonada, contudo, ainda podemos constatar facilmente que muitos crentes, sinceros até, ainda continuam falhando nesses aspectos da vida cristã (até mesmo por conta da natureza carnal e humana) e por conta desses elementos “claudicando” em sua fé.
A omissão pode ser definida pela inação. É deixar de dizer, escrever ou fazer algo em determinadas situações em que tais atitudes eram esperadas, ou mesmo necessárias. Omitir é deixar de lado, esquecer, preterir, silenciar, não mencionar ou esquecer. No entanto, como pecado, a omissão possui uma característica singular que a difere dos outros: é o pecar deixando de fazer o bem sabendo fazê-lo!
Padre Antonio Vieira, uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, disse certa vez que: “A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete, e com mais dificuldade se conhece. E o que facilmente se comete e dificilmente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo, pois quem sabe que deve fazer o bem e não faz, nisso está pecando”. Padre Antonio Vieira
É o pecado que se comete pela não realização, é o alvo que se erra por não se tentar acertar ao alvo. E a falha que se estabelece na inércia e imobilismo. E embora Tiago aluda ao fato de a pessoa ser passiva naquilo que Deus quer que ela faça de bom a alguém, remetendo a uma vida de atividade e ação de ajuda ao próximo e ao necessitado, o que pretendemos fazer aqui é falar de um outro tipo de omissão…
A omissão nas decisões
É fácil constatar como as pessoas se omitem com muita facilidade, quando conclamadas a tomar decisões, comprometerem-se com situações que ameacem seu prestígio, cargos ou posições que se lhes foram confiados. “Ah, isso não tem nada a ver comigo… Não quero saber disso. Deixa para os políticos resolverem… olha, sinceramente, essas coisas não me dizem respeito…” são desculpas da maioria dos agrupamentos de pessoas quando responsáveis pelas mais variadas instituições de nossa sociedade. E isso não é exclusividade dos nossos governantes, também são desculpas dadas por nós!
Abraham Lincoln em determinada ocasião, assim se expressou acerca da omissão: “Pecar pelo silêncio quando se deveria protestar, transforma homens em covardes”. Infelizmente, o que temos visto é que as omissões têm se tornado frequentes na esfera social, política e o que às vezes é muito pior, também no que diz respeito a nossa vida cristã.
Como cristãos devemos entender que a omissão traz uma sombra à nossa consciência imediatamente quando nos damos conta de que a cometemos. Isso acontece porque sabemos que toda criatura humana é chamada a ser comprometida com os valores que a identificam com seu Criador: a Verdade, a Justiça, a Liberdade e o Amor. Ouve-se muito que “religião e política não se discutem…”. Alguém disse certa vez que os que assim fazem estão à procura da chamada “paz de cemitério”, haja vista a impossibilidade de sermos profetas, missionários, discípulos de Jesus Cristo numa sociedade onde a omissão se revela parente da hipocrisia. João Batista não se omitiu ao denunciar os pecados da realeza e perdeu a cabeça por isso. Jesus Cristo não se omitiu de sua missão e por isso derramou o sangue na cruz para nos salvar.
Quando somos omissos?
A nossa omissão se dá quando relativizamos o certo e o errado. Quando nos calamos diante do erro, da corrupção, das injustiças, dos desmandos dos servidores públicos que pensam apenas no “eu”, e, confundem, intencionalmente, o público com o privado. Nos omitimos quando silenciamos diante da inversão dos valores cristãos, éticos e morais em que acreditamos.
O pastor batista e ativista político estadunidense Martin Luther King expressou uma declaração que, embora verdadeira, se torna lamentável por retratar uma triste realidade: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons“. Quando os bons se calam, os maus triunfam. Dr. King disse também que “Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele”. Fato!
Praticamos a omissão quando passivamente, enquanto pais e cidadãos, aceitamos e permitimos que nossas crianças sejam expostas às agendas anticristãs que promovem uma inversão de valores em salas de aula, onde deveriam ser ensinadas Ciências, História, Matemática e Língua Portuguesa. Entretanto, estes espaços estão sendo transformados em laboratórios de manipulação ideológica.
Tornamo-nos omissos quando perdemos a capacidade de indignação diante daqueles que torcem a justiça, violam a Constituição, a ordem pública, a sociedade e as leis, acreditando na pretensa proteção do manto da impunidade, com o fim de perpetrar um golpe de estado.
Somos omissos, covardes e cúmplices quando não defendemos o direito à vida do nascituro, mesmo sabendo que Deus não é a favor da morte de crianças no ventre materno, visto que a vida é formada ainda na concepção. Quando negamos o direito de um frágil bebê nascer e seguimos indiferentes quanto às garantias de proteção de sua vida desde a sua concepção. Somos “fracos” e omissos quando irresponsavelmente deixamos que “feministas” e outros progressistas dos Infernos sejam favoráveis à legalização do assassinato uterino. Nos tornamos abjetos e pusilânimes quando nos esquecemos do mandamento do nosso Criador: “Não matarás”.
Por último, é importante que se diga que, se não atentarmos para esse terrível pecado, se não prestarmos atenção em tudo o que está acontecendo à nossa volta, se continuarmos “vestindo” a carapuça da hipocrisia e simplesmente aceitarmos passivamente tudo o que estão tentando nos enfiar “goela” abaixo, nosso descaso e desatenção cobrarão um preço muito alto. Se você é cristão, não seja displicente a ponto de pensar que pode viver em meio a uma sociedade que ceifa vidas indefesas, que violenta nossas crianças, que quer nos quer tirar a liberdade e ainda acreditar que você não tem nada a ver com isso.
Nossa sociedade precisa de discernimento e de sabedoria, pois podemos marcar a nossa geração através do respeito, da ética, do amor ao próximo, da honestidade e da justiça. Que Deus nos perdoe do pecado da omissão!
A história de Dietrich Bonhoeffer
Dietrich Bonhoeffer nasceu em Breslau, Alemanha, em 4 de fevereiro de 1906. Teólogo e pastor luterano, participou da resistência alemã antinazista e foi membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazista, onde atuou como reitor e professor. Ele poderia ter saído do seu país, a Alemanha, em um dos momentos mais terríveis da história da humanidade, mas resolveu ficar e lutar, e pagou o custo desta decisão com a própria vida.
Após o fechamento do seminário pelos nazistas, Bonhoeffer militou no movimento de resistência a Hitler. Proibido de falar, escrever e publicar, Dietrich Bonhoeffer decide vestir a máscara de pastor patriota submisso ao Reich e passa a ser um agente duplo na agência de inteligência do regime nazista e sabotando ordens e ações de guerra nazistas, ele salva milhares de vidas e impede os planos de Hitler, enquanto, junto a seus companheiros, trama a queda do Führer. Em 1943, foi preso, acusado de envolver-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler, e acabou enforcado em 9 de abril de 1945, na cidade de Berlim, semanas antes do término do conflito mundial na Europa.
Referências
https://www.alertaparana.com.br/noticia/1693/o-pecado-da-omissao
https://arquidioceserp.org.br/omissao-e-hipocrisia-sao-parentes
http://estudandopalavra.blogspot.com/2014/09/os-pecados-de-omissao-e-os-de-opressao.html