Depois, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo: Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do SENHOR, porque foi e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra.
1 Reis 17.2-7
A caverna é uma gruta, e muitos a usavam como um lugar de refúgio, de abrigo, onde as pessoas se escondiam. Quando fugiam de alguém, encontravam nessas grutas proteção, como no caso de Davi, que ficou um bom tempo escondido do rei Saul, na gruta de Adulão, e com ele cerca de 400 homens (1 Samuel 22.1,2). Neste capítulo citado fica claro que todo aquele que procurava a caverna era uma pessoa de espírito triste, endividada, estava em apertos, ou passando por algum problema.
Elias, um porta-voz simples e desconhecido, vindo do nada, se coloca diante do homem mais poderoso de sua terra, cuja esposa dominadora, Jezabel — o poder por trás do trono —, está determinada a afastar Israel de todos os profetas de Jeová. Apesar disso, Elias se coloca diante de Acabe e afirma sem hesitação: “Vai haver fome na terra por anos”.
Vamos analisar a escassez vivida naquele momento por Elias. O profeta estava vivendo dentro do período por ele mesmo profetizado, de que não haveria chuva nem orvalho. Até mesmo o ribeiro de Querite já estava secando. Sem chuvas, não havia mais água, nem produtos agrícolas, nem mesmo rebanhos. Os mantimentos do povo já estavam esgotados, e a escassez se espalhava rapidamente pela terra de Israel.
Os corvos obedeceram à ordem de Deus e providenciaram comida para Elias. A tarefa dos corvos, porém, não era tão fácil, uma vez que a terra de Israel já padecia de fome por causa da seca.
Os corvos começaram a sobrevoar o ribeiro de Querite, onde Elias estava. Eles, porém, não traziam maus presságios, como acreditam os supersticiosos, mas sim comida para alimentar o profeta Elias. Todos os dias, manhã e noite, fielmente, os corvos pousavam próximo ao ribeiro de Querite trazendo pão e carne para Elias.
Quando Elias já estava se acostumando com a sombra e água fresca e com o serviço dos corvos, o ribeiro de Querite secou, pois não resistiu à seca que assolava Israel. Na falta de água, Elias seria obrigado a abandonar aquele lugar para não passar necessidades.
Não sabemos ao certo quanto tempo Elias passou naquele ribeiro, mas foram muitos dias. Esse foi um tempo preparado por Deus, pois ali o profeta foi lapidado por Deus como uma pedra preciosa e de muito valor.
Elias foi orientado por Deus a esconder-se na caverna. A palavra hebraica usada aqui dá a ideia de ocultar, de estar ausente de propósito. “Fique oculto, Elias”, disse Deus. “Desapareça!”. Uma das ordens mais difíceis de ouvir e obedecer é o comando “esconda-se”. A admoestação era para ir e ficar a sós, para fugir e sair debaixo das luzes, de ficar para trás e deliberadamente se esconder. Isso é especialmente verdadeiro se você é uma pessoa que se sente confortável sob as luzes dos refletores, um tipo de pessoa que gosta de estar na frente, aquele que tem o dom da liderança. Isso também é verdadeiro se você é do tipo “fazedor”. Aquela pessoa “pau para toda obra”.
Deus tinha duas razões para mandar Elias se esconder. Primeiro, ele queria proteger Elias de Acabe. Segundo, ele queria treinar Elias para que fosse um homem de Deus. Quando o Senhor nos diz, mais ou menos do nada, “esconda-se”, normalmente ele tem dois propósitos em mente: proteção e treinamento.
Todos nós precisamos de um tempo a sós com o Senhor, momento em que o Espírito Santo vem trabalhar em nossas vidas, e assim com um vaso nas mãos do Oleiro, precisamos ser transformados para sermos vasos de honra na Casa do Senhor. Para que a obra seja completa em nossas vidas é necessário entrega e renúncia, é necessário consagração, oração e jejum, e estar no ribeiro de Querite é viver pela fé, viver na dependência do Senhor.
Esta estação da vida, o “momento da caverna”, significa para todos nós um momento ímpar, de particular importância para a nossa formação. Caverna é lugar de recolhimento, de esconderijo e isolamento. Por que você pode considerar-se escondido e isolado? Porque ali ninguém vê você, ninguém conhece você, ninguém sabe de você. Mas fique tranquilo: Deus, o Sustentador de Israel, está vendo você o tempo todo, e vela por você!
Uma importante observação que podemos fazer acerca desta estação da vida, é de que este é o tempo de nos dirigirmos a nós mesmos. Deus concede a oportunidade de que nos confrontemos com nossos próprios erros, que nos conscientizemos do que precisa ser feito para que corrijamos nossas falhas, e façamos aquelas perguntas tão necessárias diante de situações difíceis: “Que caminho é este que tomei?”; “Por que isto não está dando certo?”; “Estou fazendo bobagens com a minha vida?”.
A caverna também é a estação em que você tem a oportunidade de derramar seu coração diante de Deus, em confissão, em clamor e em adoração. Pois é neste momento que você tem a certeza de que são apenas dois os envolvidos em tal prática – você e Deus.
*Este texto é parte da obra “AS QUATRO ESTAÇÕES DA NOSSA VIDA”
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