Mas o que é compaixão? O termo grego original traduzido como compadeceu-se, em Mateus 14.14, significa literalmente intestinos. Isso se deve ao fato de os antigos acreditarem que as emoções estivessem intimamente ligadas aos intestinos, talvez porque elas afetassem o funcionamento destes; daí a mesma palavra denotar, por associação, compaixão, misericórdia, simpatia, amor, afeição.
O sentimento de compaixão está associado à piedade e simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la. Compaixão implica ter simpatia, colocar-se no lugar do outro, estar junto dele e suprir sua necessidade. Em outras palavras, é sentir profundamente a dor alheia como se fosse nossa. Não é apenas ter pena; é participar da dor do outro e ajudá-lo a resolver o problema.
A compaixão requer uma atitude em prol do outro. É por isto que, ao compadecer-se da multidão, Jesus fez algo concreto: curou os enfermos e saciou a fome dos famintos.
Aliás, compaixão é uma das principais características de Deus que Jesus manifestou à humanidade. Como observou o comentarista R. N. Champlin:
[O Senhor] sentia o problema do mal […] e aliviava os sofrimentos alheios sem qualquer objetivo de fomentar Sua popularidade […] Jesus curou impulsionado pela misericórdia […] e se utilizou dessas curas para enfatizar lições espirituais, especialmente a dependência que o homem deve ter de Deus, confiando no Senhor. (Champlin, 2002, p. 421) ¹
Misericórdia é um gomo do fruto do Espírito, relacionado em Gálatas 5.22; portanto, é algo que Deus espera que tenhamos e manifestemos uns para com os outros, conforme é revelado em Oséias 6.6: Porque eu quero
misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.
Foi essa vontade que Jesus ratificou em Mateus 9.13; 12.7, assinalando que, embora os líderes religiosos judeus da época alegam zelo no cumprimento da lei de Deus, estavam negligenciando o principal: a justiça temperada com misericórdia, que é o cerne da lei; daí o Mestre ter enfatizado que Ele veio para chamar os pecadores ao arrependimento, e não os que se consideravam justos, até porque, como lembrou Paulo em Romanos 3.10,21: “não há um justo sequer; todos pecaram e destituídos foram da graça de Deus“.
Se hoje somos considerados justos diante do Criador e Juiz de todos, não é pelos nossos próprios méritos, mas por causa da justiça do Filho de Deus, que nos foi imputada quando Ele ofereceu o Seu sacrifício na cruz, para perdão e expiação dos nossos pecados e nossa reconciliação com o Pai.
Sendo assim, estando justificados por Cristo, devemos praticar obras de justiça e amor, que atestem nossa fé e nossa natureza e condição espiritual (Mateus 5.16; Tiago 2.14-18).
*Este texto é parte da obra “Aprendendo com Jesus ”.
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