Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Eclesiastes 3.1
O tempo nos questiona. Coloca-nos perguntas que muitas vezes não conseguimos responder. O tempo nos desafia a olhar a nossa vida sob novas perspectivas. O tempo nos coloca em movimento; é preciso caminhar, buscar, vivenciar “os tempos preciosos” que recebemos da mão do Senhor.
Deus, em Sua infinita sabedoria, fez da vida um contínuo processo de vai e vem. De forma poética, isso nos é dito no capítulo 3 do livro de Eclesiastes. Tudo tem o seu tempo determinado, tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar. Na sabedoria bíblica, vemos o reflexo do nosso próprio tempo, da nossa própria vida.
Os “tempos” da vida vão se sucedendo numa sequência natural. Não há mal sem fim, e não há alegria que não acabe. A vida se faz nessa sucessão de tempos. O tempo não para. O relógio, o calendário, o sol, o ciclo da lua nos lembram de que a vida se faz e refaz trazendo novos desafios e novas possibilidades.
Como eu vivo e reajo aos diversos tempos que me são presenteados por Deus? De que maneira eu experimento o tempo de plantar? Como vivencio o tempo de prantear?
Todos nós experimentamos estações diferentes em nossa vida. São tempos proporcionados por Deus para que aprendamos, nos aperfeiçoemos e cresçamos como cristãos. Tempos de treinamento, tempos de prática e, finalmente, tempos de glória.
Neste livro, acompanharemos quatro estações no tempo de existência do profeta Elias, momentos estes que têm muito a nos ensinar. E com ele aprenderemos que é muito importante que estejamos atentos para os tempos que o Senhor Deus tem determinado para nós, pois também podemos – e precisamos – passar por essas quatro estações em nossa vida!
ELIAS, O TISBITA
Então, Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.
1 Reis 17.1
Faremos uma breve apresentação do profeta Elias, que inspira o estudo das quatro estações neste livro, dentro do contexto de sua época, pois o aço do caráter interior é malhado na bigorna do tempo e forjado no contexto da história. Em poucas vidas o martelo da história e o calor do fogo são mais evidentes do que na de Elias.
A primeira coisa que exige nossa atenção é o nome de Elias. A palavra hebraica para “Deus” no Antigo Testamento é Elohim, usada em alguns momentos na forma abreviada de El. A palavra jah é o termo usado para “Jeová”. Assim, no nome de Elias (Elijah) encontramos as palavras usadas para “Deus” e “Jeová”. Entre elas existe um pequeno “i” que, em hebraico, é uma referência ao pronome pessoal “meu”. Colocando as palavras juntas, descobrimos que o significado do nome Elias é “Meu Deus é Jeová” ou “o Senhor é o meu Deus”.
Elias foi chamado por Deus para o ministério profético em um dos piores períodos da história de Israel, período este marcado por crise, fome, miséria, corrupção e apostasia. Mas, em meio à crise moral, social e espiritual, Deus pôde contar com a coragem e a determinação de Elias para ser seu porta-voz.
Elias foi profeta do Reino do Norte, nos reinados de Acabe e do seu filho Acazias. Ele desafiou o povo a fazer uma escolha definitiva entre seguir a Deus ou a Baal. Os israelitas achavam que podiam adorar o Deus verdadeiro e ao mesmo tempo adorar a Baal. Eles tinham o coração dividido, e por esta razão queriam servir a dois senhores. Jesus nos advertiu contra essa atitude fatal:
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro.
Mateus 6.24
O relato sobre a vida do profeta Elias inicia-se com uma declaração sobre a sua terra e seu povo: Então, Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade (1 Reis 17.1). Estas palavras introduzem no cenário bíblico uma das maiores figuras do movimento profético. Elias era de Tisbe, um lugarejo situado na região de Gileade e a leste do rio Jordão. Esse lugar não aparece em outras passagens bíblicas, mas é citado somente no contexto deste profeta. Elias se tornou muito maior do que o meio no qual vivia. Na verdade, não foi Tisbe que deu nome a Elias, mas foi Elias que colocou Tisbe no mapa!
Contexto político e religioso no tempo de Elias
1 – Era um período de sucessão de reis ímpios – Nos dias de Elias, Israel estava sendo governado por reis maus e idólatras. A Bíblia diz: E fez Onri o que era mal aos olhos do SENHOR; e fez pior do que todos quantos foram antes dele (1 Reis 16.25). Quando Onri morreu, em seu lugar reinou seu filho Acabe (1 Reis 16.28), que teve a capacidade de fazer pior do que todos os reis que lhe antecederam. A Bíblia diz acerca de Acabe: E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele (1 Reis 16.30).
2 – Era um período de idolatria – O rei Acabe destaca-se nas Escrituras como um rei idólatra, pois ele andou nos caminhos de Jeroboão (1 Reis 16.31); serviu a Baal e o adorou (1 Reis 16.31), conduzindo toda a nação à idolatria. Como se não bastasse, Acabe casou-se com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, casamento este jamais aprovado por Deus. Tudo isso fez Israel mergulhar no mais profundo paganismo, sem nenhuma pretensão de preservar o culto a Deus, tornando-se uma nação idólatra e pagã, como as demais nações.
3 – Era um período de crise – Quando Acabe, influenciado por sua esposa Jezabel, substituiu o culto a Jeová pela adoração a Baal (1 Reis 16.31- 33), Elias apareceu repentinamente perante o rei para anunciar a ausência de chuva e orvalho sobre a terra (1 Reis 17.1). Como a chuva é um dos principais elementos de sustentação da natureza, a falta dela provocou seca, fome e miséria. As Escrituras dizem que a fome era extrema em Samaria (1 Reis 18.2). Isso fez com que Acabe se irasse ainda mais com Elias, pois achava que ele era o culpado por aquela calamidade.
Este Elias, o rude profeta de Deus, passou por diversas situações em sua vida, como vimos. Desta forma, sua experiência nos mais diversos tempos de Deus foi gigantesca. Temos muito a aprender com ele, seja na caverna, na casa da viúva de Sarepta, no monte Carmelo ou no fantástico arrebatamento em um carro com cavalos de fogo.
*Este texto é parte da obra “AS QUATRO ESTAÇÕES DA NOSSA VIDA”
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