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As filhas de Zelofeade e a Participação Política de Mulheres

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No livro de Números encontramos uma história de cinco mulheres que conquistaram direitos civis. Eram elas: Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza: as filhas de Zelofeade.

Para compreender a história, precisamos nos ambientar com o contexto:

Depois que a praga cessou, o Senhor disse a Moisés e a Eleazar, filho do sacerdote Arão:
“Realizem um censo de toda a comunidade de Israel, de acordo com suas famílias. Façam uma lista de todos os homens de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra”.

Números 26:1,2

(Zelofeade, um dos descendentes de Héfer, não teve filhos, mas suas filhas se chamavam Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza.) 

Números 26:33

O povo estava passando por um recenseamento, após uma praga que havia matado cerca de 24.000 homens. Uma praga ocasionada pelos pecados de imoralidade e idolatria de homens daquela comunidade. 

Enquanto estava acampado em Sitim, os homens de Israel começaram a manter relações sexuais com mulheres moabitas da região.
Essas mulheres os convidaram para os sacrifícios a seus deuses, e o povo participou da festa e adorou os deuses de Moabe.

Números 25:1,2

Homens capazes de ir para a guerra (de 20 anos para cima) deveriam ser contados, e, a partir dessa contagem, havia uma instrução do Senhor a respeito de como deveria ser feita a partilha da terra a ser recebida como herança. A divisão da terra seria proporcional ao número de homens contados.

Certo dia, Maala, Noa, Hogla, Milca e Tirza, as filhas de Zelofeade, fizeram uma petição. Seu pai pertencia a um dos clãs de Manassés, pois era descendente de Héfer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, filho de José. 

Números 27:1

Como mulheres, a princípio, elas não teriam direito a divisão de terras.

Se usarmos uma lente secular e ocidental para avaliar a situação, poderíamos facilmente ser enganados e chegaríamos à conclusão que essas eram mulheres oprimidas, alvo de uma cultura machista em uma sociedade patriarcal. Seguindo essa lógica, a rebeldia seria uma resposta adequada. Tendo uma premissa social semelhante o feminismo floresceu.

Considerando o contexto social da busca feminista pelo direito ao voto, é importante salientar que, além de esse não ser um desejo de todas as mulheres da época, o direito à cidadania plena por meio do voto não era um direito exclusivo de homens, mas sim de homens que estivessem dispostos a ir para a guerra.

(…) É importante ressaltar que em todo o Ocidente, o direito a cidadania plena através do voto estava interligado ao dever de servir o Estado estando à disposição do exército. Os homens sempre estiveram facilmente adaptados a ideia de servir ao país durante as guerras (…)   (1)

(…) Os homens americanos conquistaram o direito ao voto em uma guerra sanguinária de quase uma década de duração. (2)

O feminismo enquanto movimento rebelde e ateísta em sua essência, desde sua primeira onda, usou a rebeldia como método para avançar em questões de direitos civis e de outras ordens. No entanto, não vemos esse “espírito” nas atitudes das filhas de Zelofeade. 

A autoridade conferida por Deus ao homem, que pode se refletir socialmente, não é justificativa nem para a rebeldia, nem para a passividade e omissão feminina. Se aquelas mulheres tivessem se erguido na base da confrontação e desrespeito à liderança de Moisés, não seria contra ele que elas estariam se levantando, mas sim contra a ordem que Deus tinha dado por meio da instrução de Moisés.

Os homens registrados em Israel totalizaram 601.730.
Então o Senhor disse a Moisés:
“Divida a terra entre as tribos e distribua as porções de terra de acordo com o número de nomes registrados na lista. 

Números 26:51-53

Aquela comunidade já tinha experimentado recentemente um trauma por causa de pessoas que tinham se rebelado contra a autoridade de Moisés. Neste caso, a base da rebeldia não havia sido pelo viés do gênero, mas era rebeldia do mesmo jeito.

e Eliabe foi o pai de Nemuel, Datã e Abirão. Datã e Abirão foram os mesmos líderes da comunidade que conspiraram contra Moisés e Arão e, com os seguidores de Corá, se rebelaram contra o Senhor.
Contudo, a terra abriu sua boca e os engoliu juntamente com Corá, e o fogo devorou 250 de seus seguidores. Isso serviu de advertência a todo o povo.

Números 26:9,10

Por outro lado, se aquelas mulheres tivessem silenciado, elas teriam sido privadas de um direito: o direito à herança, pelo fato de que não havia homens na família, porque o pai delas havia falecido e não estava incluído no recenseamento.

Vamos acompanhar então como se deu a busca de direitos legítimos por parte dessas cinco mulheres, numa sociedade patriarcal:

Elas foram à autoridade constituída com respeito e reverência:

Aproximaram-se as filhas de Zelofeade, filho de Héfer, neto de Gileade, bisneto de Maquir, trineto de Manassés; pertencia aos clãs de Manassés, filho de José. Os nomes das suas filhas eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
Elas se prostraram à entrada da Tenda do Encontro diante de Moisés, do sacerdote Eleazar, dos líderes de toda a comunidade, e disseram:

Números 27:1,2

Elas corajosamente apresentaram sua causa aos líderes civis:

“Nosso pai morreu no deserto. Ele não estava entre os seguidores de Corá, que se ajuntaram contra o Senhor, mas morreu por causa do seu próprio pecado e não deixou filhos.
Por que o nome de nosso pai deveria desaparecer de seu clã por não ter tido um filho? Dê-nos propriedade entre os parentes de nosso pai.”

Números 27:3,4

A autoridade constituída levou a causa ao Senhor:

Moisés levou o caso perante o Senhor, […]

Números 27:5

Elas receberam do Senhor o direito pleiteado, bem como foram agentes na correção de uma injustiça não somente para elas, mas que se tornou um novo paradigma legal para todo Israel.

e o Senhor lhe disse:
“As filhas de Zelofeade têm razão. Você lhes dará propriedade como herança entre os parentes do pai delas, e lhes passará a herança do pai.
“Diga aos israelitas: Se um homem morrer e não deixar filho, transfiram a sua herança para a sua filha.
Se ele não tiver filha, dêem a sua herança aos irmãos dele.
Se não tiver irmãos, dêem-na aos irmãos de seu pai.
Se ainda seu pai não tiver irmãos, dêem a herança ao parente mais próximo em seu clã”. Esta será uma exigência legal para os israelitas, como o Senhor ordenou a Moisés.

Números 27:6-11

Com a atitude correta dessas mulheres e do homem que Deus colocou na liderança do povo, uma injustiça foi reparada, e, todas as mulheres que passaram pelo que elas tinham passado, a partir de então, estariam legalmente amparadas.

Há situações de injustiças que apenas mulheres irão vivenciar e identificar. E Deus pode e quer usar isso como uma influência saudável para a implantação de políticas públicas mais justas. A história das filhas de Zelofeade nos mostra a importância da participação ativa feminina na sociedade e que a rebeldia e confronto feministas não são padrão de comportamento para as mulheres do Reino.

Moisés foi um líder homem em uma posição de poder, mas que não usava de sua posição para fazer sua própria vontade ou para explorar e oprimir os que estavam debaixo de sua liderança. A atitude dele de buscar a instrução do Senhor para a tomada de decisão foi a chave para que sua autoridade além de legítima fosse justa. 

Segundo a narrativa feminista, a base de uma sociedade injusta repousa na autoridade do pai, ou seja, masculina, na família, que é uma das ordenações bíblicas na diferenciação dos papéis de homens e mulheres na família. Segundo o feminismo, esta família cuja autoridade se concentra nas mãos do homem, do pai (patriarcado: autoridade do pai), gera uma sociedade patriarcal, cujo produto civilizatório é a mulher, aprisionada aos seus papéis de esposa, mãe e principal responsável pela administração do lar.

NINGUÉM nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. (3)

Biblicamente, compreendemos que toda a humanidade, tanto homens quanto mulheres compartilham de uma natureza corrompida pelo pecado. Nenhum ser humano em função do sexo biológico possui em si a capacidade de produzir uma sociedade justa.

O testemunho pessoal de cada um possivelmente passa por uma história de opressão e injustiça provocadas pelo autoritarismo e misoginia machistas. Mesmo atualmente somos testemunhas de sociedades onde homens oprimem mulheres. No entanto, não podemos cair na mentira da opressão machista, muito menos da rebeldia feminista como resposta. 

Somente o Reino de Deus, respeitando suas leis e princípios (inclusive os de ordem prática, como os que governam a família), com autoridades submetidas à instrução do Senhor é capaz de gerar uma sociedade mais justa e pacífica. Uma sociedade mais justa não será feita desconstruindo os princípios divinos de autoridade na família ou de sexualidade, mas sim, com o Reino de Deus: homens e mulheres submissos a vontade do Pai celestial: o patriarcado perfeito.

As filhas de Zelofeade agiram na direção da correção de uma injustiça, honrando inclusive o nome do pai, Zelofeade nesse processo. Não encontramos mulheres com um sentido coletivista, de luta em favor de uma classe contra outra. O foco dessas mulheres era o reparo de uma injustiça. Que não sejamos alvo da falácia feminista, que fala em nome das “mulheres”, mas que na verdade somente as usam para avançar em pautas ideológicas políticas. Cristo demoliu os muros que nos dividiam. Que não ergamos novamente os muros em nome de pautas políticas que tem em sua base uma forte agenda espiritual anticristã.

Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.

Gálatas 3:28

Deus não vai mudar seus princípios por causa da difamação feminista/satânica que tem empoderado a mulher para se emancipar dos papéis que Deus deu a ela.

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:2

O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo.

2 Coríntios 11:3

Que o Senhor desperte mulheres neste tempo para ocupar lugares de influência familiar, civil e política, biblicamente conscientes, espiritualmente despertas, emancipadas da mentalidade rebelde feminista. E homens que exerçam seu papel de autoridade, divinamente a eles direcionado.

Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é Deus.

1 Coríntios 11:3

Referências

(1) e (2) Feminismo: Perversão e Subversão. Ana Caroline Campagnolo. Vide Editorial. Páginas 91 e 92.

(3) O Segundo Sexo. A Experiência Vivida. Difusão Europeia do Livro. Página 1

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