Diversidade sexual e de gênero é um assunto que tem estado no centro de discussões presentes na mídia, nas escolas, em ações governamentais, muito mais pelo ativismo de uma militância engajada, do que por ser algo socialmente relevante.
A cultura ocidental tem passado por transformações e, uma delas, sem dúvida, se passa no âmbito da sexualidade. É nesse contexto que as teorias de diversidade sexual e de gênero vem se popularizando.
Como Igreja, precisamos conhecer o assunto, a fim de dialogar com a sociedade, bem como, para marcar uma posição.
Ideologia de Gênero existe?
A ideologia de gênero é um termo utilizado comumente na sociedade para se referir aos estudos de gênero que separam a dimensão do sexo biológico da “identidade” de gênero.
Apesar do ser humano nascer dotado de determinadas características biológicas que o enquadram como um indivíduo do sexo masculino ou feminino, o sexo é definido biologicamente tomando como base o aparelho reprodutivo, cromossomos sexuais e hormônios com os quais se nasce.
No entanto, segundo esta teoria, o sexo não determinaria ou limitaria a “identidade de gênero” de um indivíduo. A “identidade de gênero” seria o modo como a pessoa se enxerga, se reconhece: como homem, como mulher, os dois, nenhum, ora um, ora outro.
Enquanto o sexo é determinado biologicamente; o gênero seria uma determinação social e cultural. O gênero, neste caso, refere-se à identidade com a qual uma pessoa se identifica ou se autodetermina a despeito do sexo biológico.
Por estar sujeita às possibilidades de auto percepção, o gênero pode ser versátil e mutável.
Teoria Queer
Esta teoria trata da desconstrução sexual e social, norteadora de toda uma corrente teórica que se utiliza da sexualidade como forma de atingir a plenitude da subversão.
A Teoria Queer é uma teoria sobre o gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são resultados de uma construção social, e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana; antes, há formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.
Diversidade de Gênero e Feminismo
Não há como falar de Diversidade de Gênero e não falar de feminismo. São duas faces de uma mesma moeda.
Desde a década de 1960 já existiam discussões acadêmicas acerca deste assunto: Gênero. Nos anos 80 este tema foi “abraçado” pelo movimento marxista e feminista. Mas foi nos anos 90, mais exatamente, em 1995, em uma Conferência sobre a mulher promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas), na cidade de Pequim, que a ideologia de gênero adquiriu a configuração atual e foi lançada como estratégia para a população em geral.
Já o feminismo é um traço de nossa cultura. Suas ideias estão absolutamente disseminadas em tudo que nos cerca. Está presente nas músicas, roupas, filmes, seriados, noticiários, revistas femininas, jornais, etc. Ainda que não nos identifiquemos como feministas, com certeza fomos influenciados de alguma forma pela mentalidade feminista, simplesmente porque estamos imersos nessa cultura.
O feminismo normalmente é associado a questões nobres e o contato que temos com o assunto, via de regra, é superficial e feito de maneira não crítica.
O que é Feminismo?
Feminismo não são suas bandeiras de luta. O Feminismo é um movimento coletivista, político, ideológico e social.
- Coletivista: Caracteriza-se essencialmente pela separação da sociedade em grupos conflitantes. Para o coletivista, os “objetivos do grupo” – o “bem comum” – vêm antes dos objetivos individuais de cada um e, portanto, podem sobrepor aos últimos. Para os movimentos coletivistas o “bem comum” justifica até mesmo o sacrifício de indivíduos. Por isso, o movimento feminista não luta “por mulheres”, mas pelos valores assumidos como legítimos pelo coletivo.
- Político: um grupo não institucionalizado que tem atuação política, ou seja, que tem a pretensão de influenciar o governo dos Estados, as políticas públicas.
- Social: o movimento se organiza para influenciar a sociedade para defesa ou promoção de certos objetivos ou interesses de transformação da ordem estabelecida na sociedade.
- Ideológico: é um movimento guiado por um conjunto de ideias ou visões de mundo de uma determinada pessoa ou grupo, em relação ao seu meio social ou político. No caso do feminismo, em geral, sua base ideológica é o Marxismo, e sua filosofia é ateísta, ou seja, considera Deus como um conceito imaginário e simbólico.
O feminismo é um fenômeno do marxismo cultural, que tem como estratégia usar a cultura como ferramenta de condicionamento, de controle político.
Cosmovisão Feminista
São maneiras de ver e entender o mundo baseadas em ideias feministas, implantadas com sucesso em nossa cultura:
- Comportamento sexual desordenado, promíscuo, vinculando liberdade sexual a empoderamento.
- Desprezo pelas responsabilidades domésticas. Estigmatização da mulher que se dedica ao lar.
- Incitação contra a liderança masculina. Identificação do modelo familiar original, dado por Deus, com a autoridade nas mãos do homem: patriarcal, como fonte de toda opressão e violência contra a mulher.
- Relativização dos laços matrimoniais como sagrados, e consequente popularização do divórcio.
- Superioridade do “direito” de escolha da mulher em relação ao seu corpo em detrimento do direito à vida do nascituro. Aborto, como direito reprodutivo, que promoveria igualdade entre homens e mulheres.
- Vinculação da submissão bíblica da mulher no casamento ao homem à crueldade.
- Diminuição da taxa de natalidade.
São ideias avançando atualmente por meio do feminismo:
- Ódio à maternidade.
- Perspectiva de gênero: A mulher liberta da feminilidade. A compreensão de que os papéis de gênero “masculino” e “feminino” foram construções sociais criadas para inferiorizar mulheres e valorizar o homem.
- Criminalização do aborto como evidência de misoginia.
- Lesbianismo como ato político de resistência, buscando a desnaturalização de uma ditadura heteronormativa.
- Feminismo negro: estímulo a mulheres negras irem em busca de suas raízes culturais religiosas e resgatarem sua raiz religiosa no candomblé.
- Busca de um “místico feminino”, com o resgate e fortalecimento da bruxaria, de religiões e práticas neo pagãs, dentre elas a mais popular é a Wicca.
Análise Bíblica do Feminismo/Diversidade de Gênero
Satanás é um oponente com experiência milenar na arte do engano. Ele é espiritualmente mais forte do que o nosso homem natural e absolutamente hábil na arte do engano. Sempre que avaliarmos qualquer assunto, precisamos considerar o paradigma, o filtro das doutrinas bíblicas, ou, estaremos vulneráveis a Satanás, que é especialista em sofismas.
Sofismas são: argumentos ou raciocínios concebidos com o objetivo de produzir a ilusão de verdade que, embora, simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa. É uma mentira, propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros para que possa parecer real.
Identidades Espirituais Opostas: Feminismo (rebeldia) X Cristianismo (submissão)
O único ingrediente comum a qualquer vertente feminista é a rebelião (oposição a autoridade ou poder dominante). Essa é a palavra de ordem: rebeldia, neste caso, contra a vontade do Criador e a autoridade das Escrituras.
O feminismo é um catalisador, um promotor de rebeldia na humanidade, especialmente da mulher, contra o propósito do Criador.
O feminismo entende que o propósito de Deus e das estruturas e leis designadas por Deus para a mulher e para o homem conviverem em sociedade são fonte de opressão.
O objetivo de Cristo para nós, cristãos, é Implantar sobre a terra o restabelecimento da autoridade do pai, do “patriarcado”.
Conclusão
A solução para proteger mulheres é implantar a cultura do reino de Deus na terra. A terra não é laica: ela é reflexo da dinâmica espiritual.
A prática de homens e mulheres exercendo seus papéis segundo a revelação bíblica e o ensino sadio sobre o assunto promoverá saúde, bem-estar e proteção às mulheres.
A resposta para o mundo em crise continua sendo Cristo e seu instrumento de libertação: a verdade.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
João 8.32
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Romanos 12.2
As perspectivas sobre ideologia de gênero e feminismo, tal como se apresentam, não passam de estruturas de rebeldia para que o homem se auto determine.
A liberdade bíblica é uma liberdade para fazer a vontade de Deus. Não a nossa própria vontade. A arte de fazer a própria vontade é a essência da rebeldia.
A liberdade satânica é uma liberdade para se auto definir.
“Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre.” Simone de Beauvoir
Resta-nos definir quem seremos… O reflexo das ideias rebeldes de uma sociedade apóstata ou o reflexo das ideias de Deus a respeito de sua criação?
“Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus.”
Romanos 10.3
Referências
Campagnolo, Ana Caroline. Feminismo. Perversão e Subversão. Vide Editorial, 2019.
Lobo, Marisa. Famílias em Perigo. O que todos devem saber sobre ideologia de gênero. Editora Central Gospel, Rio de Janeiro, 2016.