Durante muitos anos, o estudo do Apocalipse vem sendo explicado por diversas correntes, conceitos, pontos de vistas e métodos de interpretação. Esse livro profético-misterioso (o único do Novo Testamento) deve ser estudado com base em uma atitude de profunda oração, desprovida de ideias ou pensamentos preconcebidos. Devemos estar totalmente abertos e submissos à iluminação e à revelação do Espírito Santo, e ater-nos unicamente às regras da Hermenêutica e da boa exegese bíblica, analisando o texto sagrado sem extremismos. Inventar coisas e plantar ideias e conceitos como fruto da imaginação só confundirão, e, assim, jamais teremos um quadro verdadeiro e fiel do Apocalipse.
Diversas escolas de interpretação procuram decifrar os aparentes mistérios do Apocalipse. Vejamos alguns dos principais conceitos interpretativos defendidos por expositores e estudantes desse livro maravilhoso:
1. Escola preterista
Os preteristas afirmam que tudo em Apocalipse diz respeito ao passado. Segundo eles, tudo já se cumpriu. Eles concluem e ensinam que todo o livro do Apocalipse cumpriu-se na época do Império Romano e, para comprovar suas teses, empregam datas relacionando-as entre os eventos escritos no Apocalipse com os acontecimentos da era do Império Romano. Eles colocam no passado tudo o que está no livro. Todavia, de acordo com nosso estudo, não podemos fazer uso de tal método, porque entendemos que a maior parte dos acontecimentos em Apocalipse ainda não se realizou, como a Segunda Vinda do Senhor Jesus, a Grande Tribulação, o aparecimento do anticristo e do falso profeta, o surgimento das duas testemunhas, a Batalha do Armagedom, a implementação do Milênio etc.
2. Escola Histórica
O segundo conceito é conhecido como historicista. Os defensores dessa escola concordam fortemente com o fato de que os relatos do livro do Apocalipse são apenas fatos históricos, que já se cumpriram e continuam a cumprir-se em nossos dias. Eles buscam, nos eventos históricos, justificativas para os acontecimentos apocalípticos. O problema desse conceito interpretativo é não considerar o sentido espiritual do livro, anulando totalmente sua canonicidade. Não podemos desprezar o conteúdo simbólico do Apocalipse.
3. Escola Futurista
Essa escola procura declarar que os acontecimentos do Apocalipse são para o futuro. O conceito futurista ensina que as profecias apocalípticas se cumprirão no fim dos tempos. Alguns futuristas dizem que os capítulos 1, 2 e 3 de Apocalipse já se realizaram e tiveram sua execução nas igrejas existentes naqueles dias, mas que o restante é para o futuro. Segundo eles, existem três grupos que se destacam entre os pré-tribulacionistas e os pós-tribulacionistas. O primeiro grupo entende que a Igreja, antes do período de sete anos da Grande Tribulação, será arrebatada (1 Ts 1.10). O segundo grupo, conhecido como mesotribulacionista, declara que a Igreja passará pela ira e pela perseguição do anticristo na primeira metade da Grande Tribulação (Ap 11.12). O terceiro grupo, conhecido como pós-tribulacionista, declara que a Igreja passará pela Grande Tribulação.
4. Escola simbólica
Esse conceito, conhecido também como idealista, místico, considera que todo o livro do Apocalipse não possui significado profético. Tudo seria apenas simbólico; nada seria literal nem histórico. Para os idealistas, o livro é uma representação figurativa dos grandes princípios do bem e do mal em constante conflito, sem referência a qualquer evento histórico. Seria, portanto, uma luta entre o cristianismo e o paganismo.
5. Escola Espiritualizante
Os defensores desse conceito interpretam o Apocalipse como tudo de natureza e realidade espiritual. Nada é literal. Essa escola se aproxima muito do simbolismo e da tipologia. Para ela, não existe sofrimento real, dor, aflição etc.
6. Escola literal
O conceito literalista declara que tudo que consta em Apocalipse tem um sentido literal, exato e direto; nunca figurado ou simbólico. Nada é espiritual.
7. Escola Eclética
A maioria dos expositores, dos comentaristas e dos especialistas na escatologia aceita e defende o conceito eclético, visto que, sendo o Apocalipse um livro escatológico, há frases, palavras e textos simbólicos, enquanto outros livros são literais. Estas expressões são abundantes no livro: “como” e “semelhante”. Além disso, indicam uma comparação, não uma identificação (Ap 1.15).
O estudo do Apocalipse contém vários conceitos interpretativos. Há partes históricas, futurísticas, simbólicas, espirituais, literais etc. Devemos dar o sentido legítimo a cada texto, buscando o verdadeiro ensinamento nele inserido, sem, contudo, cair no extremismo. O Apocalipse é para ser estudado em profunda oração e na total dependência do Espírito Santo (Ap 3.13).
É sumamente importante — para quem estuda e ensina as verdades, os mistérios, as visões e as profecias relatadas no Apocalipse — estabelecer princípios de interpretação claros em relação à hermenêutica utilizada. Princípios corretos de interpretação resultarão no entendimento da verdade da Palavra de Deus.
Um dos princípios fundamentais para uma cuidadosa e boa exegese do livro mais difícil do Novo Testamento é que toda Escritura deve ser interpretada em seu sentido comum, natural e normal, isto é, em sua forma literal. Agora, o princípio mais conhecido de todos nós, e também o mais utilizado, declara afirmativamente: A Bíblia interpreta a própria Bíblia. Cada texto deve ser comparado com outro texto. Tentar interpretar o texto bíblico utilizando uma única Escritura isoladamente torna-se um pretexto que afastará o contexto original e legítimo.