“Os professores ideais são os que se fazem de pontes, convidam os alunos a atravessarem e depois, tendo facilitado a travessia, desmoronam-se com prazer, encorajando-os a criarem suas próprias pontes.”
Nikos Kazantzakis
O Dr. Augusto Cury, em uma de suas memoráveis palestras, disse que “educar é acreditar na vida, mesmo que derramemos lágrimas. Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens nos decepcionem no presente. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro que procura os tesouros do coração”.
A educação é um ofício, que proporciona muita alegria e orgulho, mas pode, também, constituir um desafio ou provocar apreensão. Pois, no processo ensino-aprendizagem, o mestre, o professor tem sobre si a tarefa de operar mudanças no mundo por meio da prática pedagógica e da educação transformadora. Cabe a ele a responsabilidade de levar seus alunos a descobertas que os conduzirão ao progresso e ao crescimento pessoal. Educar é ampliar a visão sobre tudo que cerca a vida de uma pessoa. Tratando-se da vida cristã, a educação reveste-se de uma importância muito maior. No AT há um imperativo (Dt 6.1-11) e no NT Jesus faz um alerta muito sério (Mt 22.29 e Jo 5.39).
Nunca se sabe o que serão os alunos que hoje passam pela mão do professor. Sabemos, no entanto, que instintos não controlados inevitavelmente arrastam à ruína. Ilustra muito bem essa verdade o exemplo de um mestre, que ensinou em uma escola secundária por dez anos. Nesse período, diz ele que ensinou, sem saber, entre outros alunos, a um assassino, a um pastor evangélico, a um pugilista, a um ladrão e a um imbecil.
O assassino era um menininho quieto que se sentava na primeira fila e fitava-o com pálidos olhos azuis; o pastor evangélico, sem dúvida, era o aluno mais popular da escola, tinha papel principal na peça de teatro de sua série; o pugilista sentava-se preguiçosamente junto à janela e, de vez em quando, soltava uma gargalhada rouca que espantava a todos; o ladrão era um sujeito alegre com uma canção em seus lábios e o imbecil, um animalzinho de olhos mansos, procurando as sombras.
O assassino cumpre pena na penitenciária estadual, o pastor morreu; o pugilista perdeu um olho em uma luta; o ladrão, quando fica na ponta dos pés na janela da prisão, pode ver a janela da sala de aula; o imbecil de olhos meigos bate a cabeça à parede de um hospício. Todos esses alunos, em certa época, estiveram na sala de aula, sentados em gastas carteiras e olharam seriamente quem, ironicamente, lhes ensinava as rimas dos sonetos e como explicar uma oração complexa, isso não os ajudou muito.
Nessa ilustração evidencia-se a importância do papel desenvolvido pelo professor em seu contato com as mentes ávidas por aprender algo relevante que os salve dos infortúnios da vida e faça-os vencer nos diferentes meios por onde transitarão.
O mestre deverá lidar com crianças, adolescentes, jovens e adultos; essa tarefa exige que conheça suas linguagens, aplique corretamente os princípios da pedagogia, da psicologia e da didática, pesquise novos métodos de ensino e, por fim, selecione e ajuste os recursos instrucionais disponíveis à faixa etária de seus alunos. Por tudo isso, são necessários dedicação e um forte amor pelo ensino.
DEDICAÇÃO e AMOR pelo que faz são reflexos do que se denomina VOCAÇÃO. Vocação é aquilo que somos chamados a ser e a realizar, como pessoas, tanto coletiva como individualmente. Há situações na vida, em que somos quase obrigados a realizar tarefas das quais não gostamos ou nas quais não temos nenhum prazer. Mas, quando falamos de vocação para toda a vida, de sonhos, projetos e realização pessoal, sinceramente devemos desconfiar fortemente, com convicção, daquilo a que nos dedicamos sem o mínimo prazer ou alegria.
Mesmo sabendo que a realidade nem sempre combina com seus ideais, o professor nunca deixa de acreditar na concretização de seus sonhos.
Os alunos são diferentes. Alguns são tartarugas – muito lentos; outros são elefantes – têm muita dificuldade; há aqueles que se assemelham a coelhos – são velozes; ou mesmo a pássaros – voam.
O professor ou educador que efetivamente tem consciência de sua missão educativa, não só conhece seus alunos, mas também sabe – ou esmera-se em saber – como ir ao encontro de suas aspirações e necessidades.
Foi pensando por longo tempo no que está dito acima que eu me descobri professor. Convertido a Cristo aos 15 anos de idade, já no início de minha fé sentia uma forte atração pelo pendor educacional, mas não tinha, ainda, preparação nem maturidade espiritual suficiente para entender a chamada para o quinto ministério apresentado por Paulo aos efésios – o de mestre. Passariam 10 anos até que eu entendesse a chamada e tomasse coragem, isso mesmo, coragem de assumir que o meu lugar no corpo de Cristo era lecionando a Palavra de Deus.
Os anos iniciais de minha incorporação à força terrestre, ministrando instrução aos soldados corroborou em mim a convicção de que o que me preenchia – e preenche – é atuar como um instrumento de ensino na casa de Deus. Assim, fui em busca de preparação para tal. Cursei a licenciatura plena em Letras, o que me proporcionou galgar uma posição melhor na carreira militar e exercer em tempo integral o magistério nos Colégios Militares espalhados pelo Brasil. Paralelamente a isso, na igreja, Deus preparou pessoas para reconhecer minha chamada ministerial e proporcionar oportunidades para o exercício pedagógico junto ao departamento de ensino. Louvo a Deus pela vida de cada um que, ocupando uma posição de liderança na área do ensino cristão, não se furtou a abrir espaço para que outros pudessem ombrear com eles, sem nenhum sentimento de superioridade ou monopolização. Aqui, homenageio o professor pastor Fernando Besler Monteiro a quem denomino de “abridor de portas”.
Posso dizer, com orgulho, que a carreira que está proposta a um professor, de maneira geral, e, particularmente, a um professor cristão, não está livre de percalços, incompreensão, angústias e tantos outros desafios, mas também não falta alegria, satisfação do dever cumprido, recompensas imensuráveis e intangíveis advindas daqueles que são a razão da existência de um professor: os alunos.
Como o guardião dos portais do amanhã, o mestre cristão deve encarar o ensino da Palavra de Deus não como uma obra pesada e incômoda, e, sim, como uma gloriosa oportunidade – o meio humano mais eficiente para se criar e desenvolver o caráter do ser humano e projetá-lo para a eternidade. Além de, só a ele, ser endereçada a palavra: Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente (Daniel 12.3).
As palavras do professor só chegam até onde as projeta a força propulsora de sua vida. Emerson (filósofo e poeta) afirmou que “o que mais importa não é o que aprendemos, e, sim, com quem aprendemos”. A influência inconsciente é mais poderosa do que a consciente.
Concluo essa reflexão com um texto, que me chegou pelas mãos de uma aluna do Ensino Médio:
Feliz dia dos professores!!!!!!