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A História da Vacina – Parte I

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Mas, afinal, como surgiram as vacinas?

Num contexto mundial de pandemia, em que as pessoas deparam-se diariamente com notícias de mortes decorrentes de infecções por um vírus potencialmente letal, muitos temem por suas vidas e clamam por uma solução rápida e eficaz para a situação.

Por isso, ultimamente, muito se tem ouvido falar sobre campanhas de vacinação e sobre os diferentes tipos de vacinas à disposição da população. Como cristãos, que atuam nas diversas áreas da sociedade, precisamos estar atentos a todo tipo de informação e, principalmente, aprender por fontes seguras sobre a importância do processo de vacinação. Nesse artigo, vamos aprender um pouquinho sobre a história da descoberta da vacina. Vamos lá?

Os primeiros registros sobre um processo semelhante à vacinação datam da literatura chinesa do século 11 d.C. Naquela época, a humanidade sofria com os efeitos devastadores da varíola, uma doença extremamente contagiosa que se caracteriza pelo aparecimento de feridas na pele, que, ao longo dos dias, se desenvolviam em bolhas repletas de líquido. Com o passar do tempo, essas bolhas adquiriam crostas e desprendiam-se, deixando o corpo das pessoas cobertos de cicatrizes. Estima-se que a varíola tenha causado a morte de mais de 300 milhões de pessoas no século 20, entretanto, a Organização Mundial da Saúde declarou a varíola como a primeira doença completamente erradicada em 1980 (SPINNEY, 2020). Mas como uma doença tão devastadora pode ser erradicada tão eficazmente?

Desde o princípio dos primeiros casos da varíola humana, foi observado que uma pessoa só adoecia uma única vez após ser infectada. A partir desta constatação, desenvolveu-se a crença de que pequenas quantidades do vírus protegeriam as pessoas de contrair uma forma mais grave da doença. Assim, deu-se início ao processo denominado “variolação”, cujos primeiros registros são provenientes da literatura chinesa e consistia em recolher as crostas das feridas, que caiam dos doentes, e, a partir delas, produzir um preparado que seria introduzido no nariz de pessoas saudáveis. Na grande maioria dos casos, as pessoas desenvolviam uma forma mais leve da doença e as chances de morrer também eram menores do que quando contaminados pela forma natural (FENNER, 1988).

Simultaneamente, na Índia acontecia um processo semelhante, porém, diferentemente do praticado na China, na Índia o preparado era administrado na pele e não pela via nasal. A partir daí, o processo de “variolação” passou a ser exportado para diversas partes do mundo, tanto por intermédio do método chinês quanto do método indiano.

Muitos países apresentaram resistência a esse método, no entanto, os resultados eram impressionantes, pois apesar de ocorrerem casos de óbito de alguns pacientes, a mortalidade era consideravelmente menor do que quando os indivíduos adquiriam a varíola naturalmente.

Apesar da queda na mortalidade, a “varíolação” ainda causava algumas fatalidades e, além disso, o processo de inoculação do preparado da ferida em pessoas saudáveis, muitas vezes, levava à contaminação de terceiros, que, originalmente, não tinham a doença, porque as pessoas, que recebiam o produto da manipulação não se sentiam doentes e, portanto, não observavam qualquer tipo de isolamento, mantendo o contato com pessoas sãs. Todas essas experiências do processo de “variolação” prepararam o caminho para que se desse início ao processo de vacinação como conhecemos atualmente.

Na segunda metade do século XVIII, o médico inglês Edward Jenner observou que as mulheres, que trabalhavam no campo ordenhando vacas, raramente se contaminavam com a varíola. Isso porque ocorria de os animais também serem contaminados com uma forma de varíola, chamada de varíola de vaca (cowpox) e, durante a manipulação das tetas, as vacas doentes acabavam contaminando as ordenhadoras, que desenvolviam uma forma bem mais branda da doença. Jenner associou então que esse agente, virulento para animais, pudesse estar agindo de forma menos agressiva em humanos. Para confirmar essa hipótese, ele extraiu pus de uma ordenhadora, que fora contaminada com a varíola de vaca e injetou em um menino de 8 anos. A criança desenvolveu uma forma menos agressiva da varíola e ficou curada rapidamente.

Dando continuidade a seus estudos, com o intuito de confirmar que a exposição prévia a uma forma mais branda da doença pudesse render a prevenção completa, o próximo passo para Jenner foi contaminar esse mesmo menino com o pus coletado de uma pessoa, que estivesse contaminada com a tão temida varíola de humanos. Para a alegria do pesquisador – e para sorte do menino – sua hipótese mostrou-se verdadeira e não ocorreu o desenvolvimento da varíola. Em função dessa experiência, ao naturalista e médico britânico Edward Jenner, foi creditado o mérito de ter sido o cientista, que desenvolveu a primeira vacina (palavra originada do latim vacca que significa vaca) com vírus atenuado (PLOTKIN, 2014).

Os resultados de sua pesquisa tornaram-se conhecidos e reconhecidos mundialmente por intermédio da publicação de um Tratado em 1798, apesar de seus críticos procurarem ridicularizá-lo, afirmando tratar-se de algo repulsivo infectar humanos com material retirado de pústulas de animais doentes. Porém, com a demonstração de que a vacinação era eficaz para impedir o desenvolvimento da varíola, além de causar poucos efeitos adversos, o processo, posteriormente bastante aprimorado, acabou por ganhar aceitação mundial e culminou na erradicação da doença a partir da década de 1980.

Na segunda parte desse artigo, vamos aprender sobre a evolução das vacinas, como saímos dessa primeira vacina até as vacinas de alta tecnologia que temos agora. Te aguardo lá!

Referências:

Fenner, Frank et al. Early efforts at control: variolation, vaccination, and isolation and quarantine. in History of International Public Health, No. 6. Geneva: World Health Organization, 1988. p. 245-276.

Spinney, L. Smallpox and other viroses plagued humans much earlier than suspected. Nature, v. 584, p. 30-32, 2020.

Plotkin, S. History of vaccination. Proc Natl Acad Sci USA, v. 111, n. 34, p. 12283-12287, 2014.

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