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Formação do obreiro cristão: excelência cristocêntrica no servir

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Introdução

Quais são os padrões de qualidade para o objeto ou serviço? Um padrão de qualidade é uma garantia, e uma garantia é uma prova de autenticidade ou de que um produto ou serviço é adequado para a finalidade especificada no rótulo. Da mesma forma, os resultados do nosso trabalho são produtos, de fato, a forma como Deus avalia publicamente as novas obras é colocando-as no fogo (1Co3.13). Todos os dias, nosso trabalho é testado, avaliado pela nuvem de Testemunhas ao nosso redor (Hb 12.1) e avaliado por nosso chamado; isso representa a qualidade de nossa vida missionária. Todos os nossos obreiros na Igreja de Cristo serão desafiados em algum momento, no seu chamado ministerial.

Desta forma, somos chamados pelo Espírito Santo para realizar um propósito maior do que nós mesmos, assim surgem desafios, não para nos destruir, mas para avançar pessoalmente, e fazer maior para quem for designado o propósito divino contribuir para a cooperação com o reino de Deus. Igualmente, o Senhor Jesus buscou colaboradores, e escolheu entre a multidão de discípulos apenas 12 homens, a fim de treiná-los, e foram eles que a partir da ascensão do Mestre, revolucionaram aquele mundo em que viviam. Talvez, nenhum de nós hoje escolheria aqueles que Jesus escolheu, por considerarmos que elas eram incompetentes e sem conhecimento adequado.

No entanto, precisamos ser como Jesus, cheios do Espírito de Deus, e permitir que tal Espírito nos conduza à obediência a todos os aspectos de sua vida (Mt 3.16; 4.1; Lc 4.1, 14, 18; Jo 4.34). Devemos fazer o mesmo, tal qual Cristo fez: “porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (1Pe 2.21).

1.    O que é autoridade?

Antes, falaremos dos conceitos para autoridade: no grego a palavra autoridade é exousia (ἐξουσία) que pode significar: poder, privilegio, força, liberdade, influencia delegada, jurisdição, competência, capacidade e domínio. Vem de ek (de – preposição, movimento de dentro para fora) e ousia (ser ou essência) – Só tem autoridade quem é e não quem quer ter (Is 45.5). No latim é auctoritas que é originada de auctor ou autor, aquele que faz ou cria algo ou faz crescer, por isso, uma das concepções de autoridade é patrocinador ou promotor de algo. Pode ordenar a outro ser livre, já que este é livre pela escolha dele.

O Autor tem autoridade sobre a obra criada (Is 64.8.9). Por sua vez, no hebraico é adon (ֹדן ָא )que significa Senhor ou Dono, proprietário, que origina o nome divino Adonai (ָני ֹד ֲא )que literalmente significa Meu Senhor (meu Proprietário, meu Dono), como pode ser visto em Gn 15.2; Dn 1.2. Logo, existe uma Perfeita igualdade nas Pessoas Divinas, quanto ao ser, natureza e atributos -mas uma sujeição entre elas para um propósito de salvação e restauração.

1.1.a submissão de jesus às autoridades (Hb 5.8)

“Ainda que era Filho (coessencial, coexistente), aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu”.

  • Submissão na encarnação – limitação de uma atuação (Jo 1.1-14; Hb 10.7-9).
  • Submissão aos seus pais adotivos de José e Maria (Lc 2.40-52).
  • Submissão a outro líder, já que Jesus foi batizado por João Batista (Mt 3.17).
  • Submissão aos impostos (Mt 17.24-27).
  • Submissão ao imposto romano (Mt 22.17,21).
  • Submissão a decisão de Poncio Pilatos (Jo 19.10,11).

A conceituação da palavra autoridade é importante para o entendimento da deste assunto de tamanha acuidade para nossa vida em várias instâncias; mas principalmente, podemos por hora, caracterizar em duas vertentes, que estão intrinsicamente ligadas:

  • Estamos sob autoridade: temos uma autoridade constituída sobre nós.
    • Recebemos autoridade: recebemos autoridade para atuar em uma área ou mais específica conforme a delegação recebida.

Assim, quem tem autoridade deve estar debaixo de uma autoridade, do nível mais baixo de autoridade ou menor para o maior, do ínfimo ao supremo. DEUS TEM TODA A AUTORIDADE, como Criador do Universo e Rei Soberano estabelece a partir do Seu trono de TODAS as Leis e com isso, determina a ordem na criação e no reino. Deste modo:

  • A autoridade está ligada ao poder, só se tem autoridade porque alguém com poder perpassou parte dele para nós.
    • A autoridade está ligada ao poder, só se recebe poder em um grau menor do que aquele que dele se compartilha.

Qual é o problema de Satanás? O problema é que Satanás porque se opôs a autoridade de Deus, portanto, desejou mais poder para si mesmo.

2.  Compartilhamento da autoridade divina

  • A Autoridade Divina é a única sem comparação – não existe outro ser que tenha o mesmo caráter de autoridade, em atributos inerentes a Ele mesmo (Is 40.19,25).
    • Deus delegou de Sua Autoridade para os anjos em cada respectiva hierarquia angelical (Ef 1.21; Cl 1.16,17; 1 Pe 3.22).
    • Deus delegou de Sua Autoridade para os homens para o exercício de governos ou lideranças temporais civis (Dn 2.21; 4.17).
    • Deus delegou de Sua Autoridade para com os homens para exercício de lideranças espirituais (Ef 4.11).

3.  A chamada para servir como obreiro ou líder

Como receber a chamada de Deus? toda chamada é subsequente à oração e jejum (At 13.1-3), é interessante que na lista de profetas e mestres em Antioquia da Síria apenas cinco nomes sejam citados, o primeiro da enumeração de a Barnabé e Saulo para a obra que tenho chamado”, a narrativa continua a após o jejum e a oração, a igreja de Antioquia da Síria impuseram-lhes as mãos, como sinal de transmissão da autoridade e capacitação, nisto, o Espírito Santo os envia para pregar o Evangelho.

3.1. As qualificações de diáconos e diaconisas (At 6.1-7)

Essas perspectivas em conjunto das anteriores citadas ampliam a nossa compreensão da pessoa, do ofício e do serviço em relação ao diácono (COLLINS apud STARNITZKE, 2013, pp.16-17). A palavra diácono tomará uma acepção nova a partir da igreja de Jerusalém que instituirá OFÍCIO DIACONAL que surge devido um problema no seio da Igreja de Jerusalém. E este problema se subdivide em dois:

  • Redistribuição dos bens às viúvas – At 6.1a
    • Murmuração – At 6.1b.
    • Boa reputação
    • Cheio do Espírito Santo (e de fé)
    • Cheio de sabedoria
    • Responsável (encarreguemos deste serviço).

3.1.1.   Qualificações Morais (2 Co 8.21; Fp 4.8).

  • Homens (mulheres) de boa reputação (At 6.3a)
    • Que testemunham uma vida transformada (2 Co 5.17).
    • Que sejam de confiança da igreja (Fp 2.25; 4.18).
    • Que sejam honestos ou honestas (1 Tm 2.2).

3.1.2.   As Qualificações espirituais (At 6.3b)

  • Cheios do Espírito (Ef 5.18).
    • Que são guiados pelo Espírito (Rm 8.18; Gl 5.18).
    • Que vivem em Espírito (1 Co 2.14; Gl 5.25).

3.1.3.   Qualificações Intelectuais (At 6.3c)

  • Cheios de sabedoria (1 Co 12.8; Tg 1.5).
    • Cheios de conhecimento (Rm 8.7).

4.  As qualificações dadas como em 1 Timóteo 3.8-13.

Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dado a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância, guardando o mistério da fé numa consciência pura. E, também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si um lugar honroso e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus. (1 Tm 3.8-13).

  • Seriedade (sem maledicência) – Tt 2.7.
    • Não de língua dobre – Mt 5.37.
    • Não dados a muito vinho – Ef 5.18; Rm 14.21; 1 Tm 5.23
    • Não cobiçoso de torpe ganância (amor ao dinheiro) – 1 Tm 3.8.
    • Retendo o ministério de fé numa pura consciência – 1 Tm 3.9
    • Sejam estes também primeiro provados (não neófitos) – 1 Tm 3.10a.
    • As diaconisas devem ser sérias – 1 Tm 3.11.
    • Não maldizentes – 1 Co 5.11; 1Tm 3.11.
    • Sóbrias (vigilantes) – 1Tm 3.11; 1 Pe 5.8a.
    • Fidelidade em tudo – Ef 6.21 (Tíquico = diácono) – 1 Tm 3.11.
    • Sejam os diáconos os maridos de uma esposa – Ef 5.25; 1 Tm 3.12.
    • Administrem bem seus próprios filhos – Cl 3.21; 1 Tm 3.12.
    • Administrem sua própria casa – 1 Tm 3.12.

Sem a obediência nunca alcançaremos nosso objetivo. E para ser obediente é preciso ser submisso. Se uma pessoa é independente e rebelde, ela não é membro do corpo, porque como membro será sempre dependente e submisso. Como pode um membro sobreviver fora do Corpo, e se não obedece a naturalidade de funcionamento mútuo? Da mesma forma, não podemos existir no corpo de Cristo se não estivermos vinculados à autoridade delegada. As esposas desobedecem aos maridos, os filhos desobedecem aos pais, os servos desobedecem às ordens de seus superiores e os discípulos desobedecem à autoridade, tudo porque estão cheios de si mesmos. Quem está cheio de Cristo está cheio de obediência. O Evangelho do Reino mata o espírito independente humano, a submissão traz frutos:

  • Paz, ordem e harmonia no corpo de Cristo;
    • Edificação e formação de vidas;
    • Unidade e saúde na igreja;
    • Cobertura e proteção espiritual.

Deve existir um equilíbrio entre autoridade e submissão resultam em uma liderança que é limitada pela Palavra de Deus; ela não é arbitrária ou autoritarista ou conforme normas pessoais. Por sua vez, a submissão é a de um filho, de um filho de Deus, e não de um escravo, que é vivida pelo medo e obrigação. Lembrando que, a autoridade delegada nada tem a ver com a salvação do discípulo; porém com a forma de governo. Um discipulador jamais pode tomar o lugar de Jesus como Salvador.

Considerações finais

Este breve estudo propõe um entendimento sobre diaconia cristã, sobre liderança cristã, o que envolve chamado e a preparação do obreiro; portanto, não é um estudo sumamente completo. Porém, traz de forma simples e objetiva o ofício diaconal ou qualquer outra função ou ministério na Igreja de Deus, que se corretamente seguido é uma bênção. Todavia, cada igreja ou denominação pode adequar ao seu regimento interno conforme as orientações dos seus pastores e líderes, a intenção é que a diaconia, ou outros pastores contribuam na manutenção da pregação do Evangelho, para a adoração e contribuição em vários aspectos, pois, os que foram chamados, são chamados para colaborar, para cooperar e se assemelhar neste processo com o nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, todos nós devemos ser cristocêntricos nas nossas atribuições. Assim, que a graça de Deus revista a cada um para cumprir com dedicação esta chamada de serviço, em benéfico do povo, do Reino e de nós mesmo, e também reapreciar o desejo de servir, para reaprender com Jesus a ser servo (Jo13.1-17).

Bibliografia

FERNANDES, Eliseu, Autoridade Espiritual & Unidade: Rio de Janeiro: NS Editora, 2018. FERNANDES, Eliseu. Introdução ao Estudo Doutrinário da Igreja, Apostila de Seminário, IBADI &

MIUNE, Rio de Janeiro, atualizada, fev. de 2014.

FERNANDES, Eliseu. Preparação e Treinamento, Conferência de Educação Cristã Instruídos, Rio de Janeiro: Material de Apoio (2017.1).

STARNITZKE, Diek. Diaconia: Fundamentação bíblica – concretizações éticas, Trad. Martin Volkmann, São Leopoldo, Sinodal, 2013.

WINGREN, Gustaf. A Vocação Segundo Lutero, trad. M.L. Hoffmann, Canoas: ULBRA, 2006

Esta é uma reprodução autorizada pelo autor. Extraída da publicação original “Formação do obreiro cristão: excelência cristocêntrica no servir” – ADGA.

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