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O privilégio de educar filhos nos caminhos do Senhor

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A educação dos filhos é uma tarefa que compete aos pais. Essa educação não pode ser delegada ou transferida ao Estado ou a terceiros. É muito comum alguns cristãos acreditarem que os pastores ou os professores de EBD devam ser responsáveis por educar as crianças nos caminhos do Senhor. No entanto, a responsabilidade é dos pais. Não obstante, não se pode negar que a igreja, os pastores e os professores de EBD, exercem influência e contribuem no processo de educação bíblica.

A cada dia que passa surgem tentativas de diminuir a influência dos pais na educação de seus filhos. Contudo, algumas leis deixam claro de quem é a responsabilidade:     

  1. O Tratado de São José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), norma supralegal, prevê no seu artigo 12 inciso IV, o seguinte: “Aos pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”.
  2. A Constituição Federal no artigo 229, diz que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.
  3. O artigo 1634 do Código Civil Brasileiro que diz que compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores, dirigir-lhes a criação e educação.

Apesar de haver leis que garantem o direito dos pais na educação dos filhos, recentemente, percebe-se muita ingerência do Estado, escola e outros segmentos da sociedade, tentando minar a autoridade dos pais. Porém, para nós, cristãos, que temos a Bíblia como única regra de prática e fé, estamos conscientes de que a vontade de Deus é que os pais ensinem os seus filhos a trilharem os caminhos do Senhor. Por isso, a partir desse momento, vamos mergulhar em alguns textos bíblicos para analisar o que o Deus requer de cada envolvido nesse processo.

O conselho descrito em Provérbios 22.6 é um dos versículos mais citados e importantes para enfatizar o tão grande privilégio de educar os filhos nos caminhos do Senhor:

Ensine seus filhos no caminho certo, e, mesmo quando envelhecerem, não se desviarão dele.

(Provérbios 22.6, NVT)

Neste texto, a ordem imperativa “ensine” ou “eduque” seus filhos, tem origem na palavra hebraica חֲנֹ֣ךְ (hanok) que significa treinar, dedicar ou consagrar. Das cinco ocorrências dessa palavra no Antigo Testamento, uma foi traduzida como educar e as outras quatro como consagrar. Isso enfatiza o caráter sagrado e a importância que se deve dar ao ensino dos filhos. De acordo com Jamieson (1997, p. 399), a palavra ensinar ou treinar, significa instruir antecipadamente ou precocemente. Dessa forma, esse treinamento deve iniciar-se, preferencialmente, nos primeiros dias de vida. Um exemplo a ser seguido neste aspecto, foi de Joquebede, mãe de Moisés, e, Ana, mãe de Samuel. Ambas só tiveram a oportunidade de ensinar os seus filhos até fossem desmamados. E o mais importante, quando Moisés tornou-se adulto, escolheu seguir os ensinamentos recebidos em sua infância, escolheu ser maltratado com o povo de Deus, do que ser chamado de filho da filha de Faraó (Hb 11.24). Da mesma forma, Samuel foi fiel até a sua morte, não por causa dos ensinamentos do sumo sacerdote Eli, que não soube educar os seus filhos, mas pelo ensinamento que recebeu de sua mãe Ana. Portanto, a lição que podemos extrair desses exemplos é que a educação dos filhos deve iniciar o mais cedo possível.

Outro destaque importante do texto de Provérbios 22.6 é a expressão “no caminho”, isto é, o texto não enfatiza que os pais devem ensinar apenas o caminho correto ou apenas o que é certo. Antes, eles devem fazê-lo “no caminho”, ou seja, juntos, caminhando no mesmo caminho, ensinando não somente por palavras, mas por ações, ou seja, pelo seu próprio exemplo.

Os pais não podem apenas mandar que seus filhos frequentem à Escola Bíblica Dominical (EBD), eles precisam estar juntos com seus filhos na EBD, eles também precisam ser alunos assíduos. Não basta apenas ensinar que não podem mentir, os pais também não devem mentir. As crianças são educadas no caminho.

Um dos textos mais importantes para os judeus é o Shemá (Dt 6.4), uma declaração de fé monoteísta muito poderosa, que em seu contexto, destaca-se a educação dos filhos nos caminhos do Senhor. 

“Ouça, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, o Senhor é único! Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda a sua força. Guarde sempre no coração as palavras que hoje eu lhe dou. Repita-as com frequência a seus filhos. Converse a respeito delas quando estiver em casa e quando estiver caminhando, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as às mãos e prenda-as à testa como lembrança. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões. “

(Dt 6.4-9)

A ordem de Deus aos pais é que repitam com frequência a Palavra de Deus a seus filhos, ao caminhar juntos, dentro carro, dentro de casa, ao acordar, ao se deitar, ou seja, em qualquer oportunidade. Os pais devem orar junto com seus filhos, devem contar histórias bíblicas, ensinar as Palavras de Deus a seus filhos. Não delegue essa responsabilidade somente aos pastores ou aos professores da EBD. 

É digno de nota o exemplo de um pai, de um homem que ficou conhecido como “o pai dos que creem” o como “o pai da fé”. O texto de Gênesis 18, registra um episódio muito interessante, no qual Abraão recebe a visita do Senhor. Veja o que está escrito:

“E disse o Senhor : Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agirem com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.”

(Gênesis 18.17-19)

Este texto mostra a presciência de Deus. Nos versículos anteriores, Deus estava prometendo um filho a Abraão e Sara, ou seja, Isaque ainda não tinha nascido. O autor de Gênesis, no versículo 19, revela que Deus já sabia que Abraão seria um bom pai, um pai que educaria os seus filhos e suas futuras gerações para guardarem os caminhos do Senhor. Deus, em sua onisciência, viu a atitude de Abraão como um verdadeiro pai. De acordo com as Escrituras, é dessa forma que os pais devem agir, essa é a vontade de Deus para suas vidas. Os pais devem preocupar-se com o legado para as gerações futuras.

Mais um texto que merece um destaque especial é o de Efésios 6.1-4:

“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.”

(Efésios 6.1-4)

Este texto apresenta lições tanto para os filhos como para os pais. Observando o texto em qualquer tradução portuguesa é possível extrair lições preciosas para a relação familiar. Contudo, há um detalhe muito importante que a tradução portuguesa não foi capaz de transmitir. Por isso, é importante fazer uso do grego do Novo Testamento. No primeiro versículo, aparece o mandamento “filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor”. A palavra pais no versículo 1 é γονεύς (goneus), e pode ser traduzida como progenitores, ou seja, refere-se tanto ao pai como à mãe. No entanto, quando o mandamento é dirigido aos pais, no versículo 4, onde está escrito: “pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”, a palavra não se refere mais ao pai e à mãe, mas exclusivamente ao pai, porque foi usada a palavra πατήρ (pater) que está relacionada à figura masculina. Portanto, Deus está cobrando uma ação por parte dos pais, homens, machos, que não se omitam de sua responsabilidade de educar os seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Infelizmente, há homens que se colocam apenas na posição de provedores e delegam toda a responsabilidade da educação dos filhos às mães. Contudo, não é isso o que Deus quer de nós, homens de Deus.

Nesse aspecto, caminhando para o final deste artigo, preciso salientar uma parte do meu testemunho pessoal, que sou pai de uma linda princesa. Sou privilegiado de poder entender a vontade de Deus para a minha vida e para a minha família. Desde meus doze anos de idade, quando aceitei a Cristo como meu único e suficiente Salvador, tenho sido um aluno assíduo da EBD. Casei-me com uma aluna assídua da EBD. Minha filha frequenta a EBD desde antes de nascer porque tanto o pai como a mãe tornaram-se professores da EBD. Inclusive, ouço relatos das professoras da minha filha que ela é uma aluna dedicada. Por isso, dou graças ao meu Deus, por ter condições de educar minha filha no caminho em que deve andar, e espero no Senhor, que ela nunca se desvie desse caminho.

No final de seu ministério, Josué propôs um desafio para a nação de Israel, mas independentemente dos resultados, ele afirmou a sua decisão:

“Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. “

(Js 24.15)

Dessa forma, minha decisão é mesma de Josué e oro para que a sua também seja: “eu e a minha casa serviremos ao Senhor”.

Referências:

JAMIESON, R.; FAUSSET, A. R.; BROWN, D. Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible. Logos Research, 1997.

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