O versículo 10 do capítulo dezesseis da Epístola de Paulo aos Romanos menciona dois nomes de cristãos, cuja biografia é totalmente desconhecida, à luz do texto neo-testamentário, mas que mereceram uma menção honrosa por parte do apóstolo.
O versículo em referência divide-se em duas partes, a primeira das quais contém as seguintes palavras: “Saudai a Apeles, aprovado em Cristo”. Levando em consideração o fato de que Apeles é citado apenas esta vez no texto sagrado, temos em primeiro lugar a considerar que ninguém necessita ser uma pessoa de projeção na comunidade cristã em que vive, para ser aprovado pelo Senhor Jesus.
A Bíblia reserva um lugar de honra a vários personagens anônimos, bem como a alguns quase-anônimos, como Apeles. O mais importante na vida cristã não é a posição que ocupamos no Reino, mas a natureza de nosso caráter, de nossa fé e de nosso labor.
Existem três classes de seguidores de Cristo mencionados na Bíblia: os provados, os reprovados e os aprovados. Para ser reprovada ou aprovada necessariamente a pessoa tem que ser provada. O cristão pode ser provado por Satanás, por Deus ou pelas circunstâncias. Quando a provação parte de Satanás, ela recebe o nome de tentação. Deus nos prova naquilo que corresponde ao nosso ponto forte, enquanto Satanás nos tenta em nossos pontos vulneráveis. Deus conhecia a fé e a obediência de Abraão e nessas áreas ele foi provado e aprovado. Apeles foi aprovado em Cristo.
Podemos ser aprovados diante de Cristo, aprovados por Cristo e aprovados em Cristo. Somente Deus sabe os testes a que Apeles foi submetido, mas todos sabemos pela leitura do texto sagrado que ele triunfou. Para sermos aprovados devemos olhar para Cristo, depender de Cristo, obedecer a Cristo, confiar em Cristo e agradar a Cristo.
Devemos depender como servos, obedecer permanentemente, confiar sem reservas e procurar agradar em tudo. Em seu exuberante sermão pregado no Dia de Pentecoste, o apóstolo Pedro declarou que Jesus foi aprovado pelo Pai celestial (At 2.22).
Todos sabemos, pela leitura dos Evangelhos, que essa aprovação foi fruto da dedicação integral, da plena pureza pessoal e da total fidelidade do Senhor Jesus ao maravilhoso Plano da Redenção, que culminou com o sacrifício do Calvário.
Levando em consideração as palavras de Pedro em sua Epístola, devemos seguir as pisadas de Cristo (I Pe 2.21), ou seja, devemos esforçar-nos para obter o mesmo nível de aprovação que o querido Mestre alcançou.
Todos os Obreiros da Casa do Senhor precisam meditar com coração piedoso e sincero nas palavras de Paulo dedicadas a Timóteo: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (II Tm 2.15).
O texto merece 3 observações: primeira, é preciso esforço de cada um para buscar a aprovação, até que a alcance; segunda, o obreiro aprovado anda de cabeça erguida e não tem de que se envergonhar; terceira, a aprovação divina está vinculada ao estreito relacionamento do homem de Deus com as Sagradas Escrituras.
Nada sabemos de Apeles, mas é fácil e plausível deduzir que se tratava de um homem humilde. Homens vaidosos, soberbos, arrogantes, orgulhosos e pedantes não costumam ser aprovados em Cristo. Eis o que Paulo nos deixou escrito: Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva (II Co 10.18).
Ao longo da história bíblica muitos homens foram reprovados. Nessa lista se incluem Caim, Coré, Acã, os dez espias do livro de Números, Saul, Judas, Demas e tantos, tantos outros. Ainda nesta vida é possível saber se contamos com a aprovação de Deus. Daniel foi chamado de homem mui desejado. Apesar de suas fragilidades, Davi foi mencionado como sendo um homem segundo o coração de Deus.
Precisamos ser mui cautelosos quanto ao perigo de buscarmos aprovação dos homens e nos esquecermos por completo da aprovação divina. A julgar pelos fatos que a Bíblia menciona não se deve esperar aprovação dos homens quando executamos com fidelidade os propósitos de Deus.
Vejamos o que o Evangelho registra a respeito de Jesus: Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração (Lc 17.25). Parece comum na atualidade uma busca desesperada por aplausos e aprovação dos homens.
A Igreja precisa ser vigilante, a fim de não cometer o pecado da mistura. Não podemos repetir a situação de Efraim, um bolo que não foi virado (Os.7.8). Cristo nos aprova quando estamos em sintonia com Sua Palavra. Cristo nos aprova quando vivemos em harmonia com sua vontade. Cristo nos aprova quando buscamos primeiramente o Reino de Deus (Mt 6.22).
Para onde estamos indo?
Moisés mereceu o desprezo de faraó por haver recusado integrar a linha de sucessão real do Império Egípcio, mas foi aprovado por Deus, a ponto de merecer o privilégio único de por Ele mesmo vir a ser sepultado.
O caminho da aprovação passa necessariamente pela Cruz. Os pregadores devem ser aprovados quando pregam. Os cantores devem ser aprovados quando oram. Os líderes devem ser aprovados quando lideram. Qualquer pessoa pode ser aprovada em Cristo, desde que se deixe governar pelo Espírito Santo.
Durante nossa peregrinação por este mundo podemos alcançar uma aprovação final. E, no Dia do Senhor, em pleno Tribunal de Cristo, a aprovação final, definitiva e eterna. Se Apeles foi aprovado, você também poderá ser. E eu também, graças a Deus.
Texto original disponível em http://prgeziel.blogspot.com/2012/08/aprovado-em-cristo.html