Dentre as inúmeras crises que assolam a sociedade destaca-se atualmente a crise de sobriedade. Constata-se a ausência de sobriedade em todos os setores da vida humana, inclusive no seio do povo de Deus.
Torna-se impossível alcançar uma vida de excelência se não houver um lastro de sobriedade. O vocábulo sobriedade em sua primeira acepção se relaciona com a temperança, que é a sabedoria no comer e no beber.
A sobriedade distingue entre o que é razoável e o que é imoderado e utiliza razoavelmente seus cinco sentidos, seu tempo, seu dinheiro, seus esforços, etc., de acordo com critérios retos e verdadeiros.
Na Bíblia Sagrada ela alcança uma dimensão muito mais ampla e quer dizer, nomeadamente, parcimônia, moderação, naturalidade, ausência de complicação, simplicidade.
A perda da sobriedade tem levado inúmeras pessoas a serem espalhafatosas, ridículas, altivas, exageradas, impulsivas e em extremo vaidoso.
Ser sóbrio é um requerimento fundamental imposto aos que desejam um tipo de vida agradável aos olhos de Deus.
A Igreja do Senhor precisa ser constituída de jovens sóbrios, famílias sóbrias e sobretudo obreiros sóbrios. Paulo, em sua epistola dedicada a Tito (2.12), menciona a indispensabilidade de sobriedade, justiça e piedade.
Sobriedade diz respeito ao equilíbrio horizontal. Justiça corresponde ao equilíbrio vertical. Piedade é o somatório dos dois. Sobriedade está associada a vigilância, conforme lemos em I Ts 5.6.
“A fé sem sobriedade pode se transformar em mero exibicionismo religioso. A esperança sem sobriedade pode conduzir ao fanatismo religioso, do tipo desses, por exemplo, que levantam líderes que marcam a data da volta de Jesus e hipnotizam seus seguidores. O amor sem sobriedade pode se transformar em simples filantropia, facilmente convertida em instrumento de proselitismo”.
Sobriedade no falar significa não dizer mais do que deve ser dito e principalmente falar a verdade em amor. “Aquele que fala comunica algo, revela a si mesmo e deve estar consciente do bem que faz a quem escuta. As conversas frívolas e as fofocas são evitadas para aquele que deseja crescer nesta virtude. O homem sóbrio destaca-se dos demais na natureza e no tempo do seu discurso. Fala apenas o essencial, não estende a conversa nem procura enfeitá-la com sua imaginação fértil. Considera o silêncio um dom precioso, que promove mais automaticamente a compreensão do que quem nunca para de falar.” (rev Shalom, num. 62.
O perigo dos exageros nos relatórios e informações, Pv 27.2. Não muito raramente nos deparamos com estudantes do primeiro ano de teologia que já mandaram fazer cartões de visitas de teólogos.
Os mais jovens esperam receber dos mais antigos um legado de sobriedade, principalmente se levarmos em conta Tt 2.2.
A sobriedade e requerida no relacionamento dos cônjuges, bem no de pais e filhos, I Tm 3.11.
Espera-se dos pregadores que sejam sóbrios, para não se converterem em manipuladores de auditórios, em agitadores de auditórios e em “ astros” de shows.
Os homens de Deus, responsáveis por liderar a Obra do Senhor, precisam ser sóbrios. Toda falta de sobriedade em suas palavras em seu comportamento, público ou privado, e absolutamente indesculpável, I Tm 3.2.
Também e indispensável o exercício da sobriedade no convívio dos Obreiros. “A sobriedade ensina a ajudar, e nunca a criticar. A respeitar, e nunca combater”.
Avivamento e o estilo ideal de vida da Igreja. Ele acontece quando o Espirito Santo encontra liberdade para mover-se no meio do Povo de Deus. Mas em todo avivamento precisa haver sobriedade, a fim de que os excessos sejam evitados.
Não pode haver desequilibro entre a Palavra e o Poder. Se não houver sobriedade no uso do Poder, a igreja se tornara fanática. A perda do equilíbrio no contato com a Palavra poderá introduzir o formalismo dentro da Congregação, Pv 25.16.
Faltou sobriedade a querida Igreja que estava na cidade de Corinto, e teve de ser repreendida pelo apostolo Paulo, I Co 1.13ss.
Finalmente, deve haver sobriedade total, II Tm 4.5. Assim Deus nos permita.
Texto original disponível em: http://prgeziel.blogspot.com/2011/08/uma-bencao-chamada-sobriedade.html