Qual de nós não ouviu isso: “AAAH!!! EU, NO SEU LUGAR…” .
Tenho pensado um bocado sobre isso nos últimos dias. A questão não é ESTAR no lugar de alguém, mas sim CHEGAR onde esse alguém chegou PASSANDO pelo que ele passou. Conselhos prontos não me acrescentam. Mapas de como se vencer não me convencem – cicatrizes sim, elas provam que alguém sabe o que é dor e como vencê-la.
É preciso respeitar a história do próximo. Ao ver alguém sentado em uma mesa sendo honrado, considere o percurso anterior – há quem registre pegadas no Vale da Sombra da Morte sem sequer emitir sinais disso, pois a vara e o cajado do Pastor já fizeram o que os convidados do banquete não puderam fazer.
Não minimize as dores de alguém… Algumas delas podem parecer diante de uma leitura precoce apenas um “drama”, até que passamos a conceber as mesmas dores, e aí nossa leitura muda, porque agora dói em nós.
Ah José, eu no seu lugar não trataria seus irmãos assim…
Ah Jó, eu no seu lugar eu teria respondido assim…
Ah Ester, eu no seu lugar não teria feito outro banquete…
Ah Davi, eu no seu lugar não perderia a chance…
Ah Bartimeu, eu no seu lugar não gritaria…
Ah JESUS, eu no seu lugar…
Ah, eu no seu lugar blá blá blá… No seu lugar mas SEM suas cicatrizes?! Sem a sua estrutura para suportar estar onde está?! Meu novo adestramento é trocar o meu “No seu lugar eu faria isso…” por “Não tenho noção do quanto isso dói em você, mas estou aqui!” Que Deus nos ajude e nos capacite para sermos e termos o consolo certo… Mesmo que para isso, eu nem precise abrir a boca. Abraços curam, ouvidos disponíveis são refúgios e nossos ombros podem conduzir alguém à calmaria.