Cheguei aqui suplicando só um pouquinho da Sua sombra… Não quero nada além, só um lugar para refletir sobre a vida…
Estou muito cansada, e faz tanto tempo! Um cansaço solitário e cruel na minha mente, nas minhas emoções. É essa luta comigo mesmo que não cessa! Procuro desacelerar, priorizar, estabelecer metas, mas simplesmente, quanto mais busco o equilíbrio e as respostas tão necessárias, mais me desgasto. Como quando a gente sente insônia e quer dormir, e quanto mais pensa que precisa dormir, mais agitação sente.
Sei tanto o que preciso como o que gosto e desgosto. Sei quais são minhas responsabilidades e como devo corresponder a elas. Sei do Seu amor e cuidado na minha vida e da Sua provisão. Sei tanta coisa e não sei nada!
Não sei como abrir mão sem deixar pela metade. Não sei como dar exemplo sem fazer junto. Não sei como conseguir o que preciso sem deixar o que gosto…
Será que José no fundo do poço continuava a sonhar? Na jornada pelo deserto ele tinha sonhos de um Egito promissor e seguro, ou simplesmente seguia conforme ia sendo levado? Será que os sonhos de antigamente foram a sua esperança ou ele simplesmente se deixou levar, meio anestesiado, na única certeza de que a sua vida pertencia a Ti e isso bastava? Quem sabe…
Só sei que não suporto mais essa casca em mim. Esse peso das cargas, essa poeira nos pés, essa sede…
Parei aqui pra gritar alto: Refrigera minha alma, Senhor! Traga-me a paz, a alegria, o prazer de antes. Traga-me o entusiasmo, a força, os sonhos! Estou cansada de tentar achar as respostas em mim mesmo, ou nas circunstâncias, ou nas pessoas!
Precisava soltar esse barulho de ideias abafadas dentro de mim, mas quando aqui cheguei, senti a sombra, a brisa de ternura a soprar no rosto. Senti a chuva gotejar suave, saciando a minha sede, limpando a poeira dos meus pés cansados. As vozes turbulentas dentro de mim se calaram, afinal eu precisava ouvir o som da Sua voz, tão mansa, calma, terna.
Que amor tão grande é esse, que dissipa toda dor? Que graça é essa, que me acolhe mesmo sendo tão vil e pecador? Não sei dizer, mas claramente posso sentir. E aqui, sob os Seus cuidados, compreendo que não preciso das respostas, não preciso do conforto. Tenho a confiança de que posso deitar no solo fértil da Sua presença e receberei tudo o que preciso para florescer. Eu não faço nada, o Senhor faz tudo em mim…
“Que meu ensino caia como chuva. Que meu discurso se condense como orvalho, como chuva ligeira sobre as folhas da relva ou como aguaceiros sobre as plantas em crescimento.” Dt.32.2