Vivemos em um mundo físico governado por leis naturais: leis biológicas, químicas, físicas etc. Seu conhecimento é apreendido por meio do raciocínio e dos sentidos.
Também vivemos no mundo espiritual, governado por leis e princípios espirituais. Estas leis e princípios são encontradas na Bíblia.
O conhecimento destas leis e princípios somente é possível por meio da revelação do próprio Deus à humanidade, por meio de homens que escreveram inspirados pelo Espírito Santo.
- 2 Pe 1. 20-21: “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.”
- Rm 15.4: “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança.”
- 2 Tm 3. 16-17: “Toda escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver a fim de que todo homem de Deus tenha a capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações”.
A Bíblia é “cristocentrica”, ou seja, apresenta Cristo como Salvador que resgata a humanidade da situação de morte eterna provocada pelo pecado.
Este Salvador que também é Senhor, tem no centro de sua mensagem a anunciação de um Reino: o Reino de Deus (Mt 4.17). Um Reino que não é territorial: ele é um exercício de poder.
Deus governa este Reino por meio de sua palavra: a Bíblia. É por meio dela que descobrimos quem Deus é, como ele pensa, age e o que espera de nós.
Para a nossa mente, imersa numa cultura pós-moderna e vivendo em uma forma de governo democrático, não nos é natural a forma de funcionamento de um Reino. Por isso, precisamos nos transformar renovando a nossa mente com a Palavra a fim de apreender sobre o Reino. Para, então, compreendermos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Rm 12.2
É por meio da Palavra que o Reino de Deus se estabelece no mundo: Is 11:4 diz: “julgará com retidão e carinho todos os necessitados, com justiça tomará decisões em favor dos pobres. Usará a sua Palavra como se fosse um cajado, ferirá a terra; e com o sopro da sua boca exterminará os ímpios!”
O cajado como instrumento de um pastor tem duas funções: quando segurado pelo lado curvo serve de vara para corrigir ou castigar as ovelhas que se desviam e, segurando pelo lado reto serve para socorrer a ovelha caída em buracos ou precipícios, puxando-a pela curva do cajado.
- Ap 1. 16 “Na mão direita ele segurava sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol do meio-dia.”
- Hb 4:12: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”
O governo de Deus na vida de uma pessoa, que se dá por meio da sua Palavra, será tão maior quanto for o nível de temor do Senhor.
Temor do Senhor
Temor ao Senhor é o que me liga ao governo de Deus por meio da sua Palavra. O Temor do Senhor é o nível de autoridade que uma pessoa dá a Deus em sua vida refletido em um comportamento de submissão e obediência, proporcional ao conhecimento da sua vontade revelada em sua Palavra.
O temor do Senhor se expressa mais claramente em ocasiões em que são necessárias atitudes que refletem:
- Obediência quando eu não concordo;
- Obediência quando eu não ganho nada com isso;
- Obediência quando eu sofro, quando eu sou penalizado por obedecer.
Vemos isso em Abraão, recebendo da parte de Deus o selo de temor do Senhor: Gn 22.12: “Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único.”
O Temor do Senhor não significa ter medo de Deus
A prova de que temer ao Senhor não é ter medo de Deus, pode ser encontrada em diversas passagens do povo de Israel, quando demonstravam ter medo de Deus, mas não demonstravam temer ao Senhor. Temer a Deus é ter absoluta reverência e admiração por um Deus Todo-Poderoso e não medo de sua ira ou castigo!
Medo de Deus: Ex 20. 18-21: “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos. E disse Moisés ao povo: Não temais, que Deus veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.”
A Ausência de temor do Senhor: pode ser vista na passagem do Cap. 32 do livro de Exôdo, nos vs 7.8: “Então, disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido, e depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito.”
Há muitas promessas na Bíblia com chaves sobre o temor do Senhor (ver Sl 34.7: Sl 112.1; Sl 25.12: Sl 103.11: Sl 103.13; Sl 103.17: Pv 22.4).
Chaves para crescer no temor do Senhor:
- Relacionamento íntimo com a Palavra que é a vontade de Deus expressa;
- Ser cheio do Espírito Santo que é a fonte do temor do Senhor. Is 11.2
Autoridade
É um investimento de poder representacional. A própria pessoa não é a fonte de poder, mas ela representa determinado poder que lhe confere direitos e deveres.
Há autoridades em diferentes esferas: autoridades civis, autoridades espirituais, autoridades familiares etc.
O princípio para lidar com autoridade é o princípio da honra. A honra se reflete em um comportamento que demonstra:
- Respeito
- Obediência
- Submissão
A autoridade confere: organização, visão e liderança. A falta de autoridade, por consequência, gera desorganização, divisão e falta de liderança.
“Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.” Mt 12:25
À autoridade cabe a promoção, proteção e provisão. A autoridade será tão forte quanto for a unidade.
Deus odeia a desonra à autoridade. Vamos ver alguns casos em que isso acontece na Bíblia e a tratativa apresentada na Bíblia sobre esse assunto.
- Core, Datã e Abirão: desonra à autoridade e rebelião de líderes que acreditavam que podiam servir a Deus sem estarem subordinados à autoridade instituída por Deus. Líderes que rejeitaram o governo de Deus por meio da desobediência à autoridade instituída. Números 16.
- Aarão e Miriã: desonra à autoridade por meio de críticas, baseadas em fatos “justificáveis”. Nm 12.
- Absalão e Aitofel: desonra à autoridade e rebelião motivada por injustiça feita pela liderança. 2 Sm 13. 1-22, 2 Sm 14, 15, 17, 18. 9-18
- Cam: desonra à autoridade motivada por falha do líder, expressa por meio de exposição e ridicularização. Gn 9. 1-20.
Em contrapartida, a Palavra mostra Deus agindo no aperfeiçoamento de pessoas e no cumprimento de seus propósitos por meio de submissão, até mesmo, por autoridades cruéis:
- Davi e Saul
- Jesus: “Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim se esta não te fosse dada de cima.” Jo 19:11
Cristo instituiu a Igreja como seu corpo místico e por meio da observância a esse princípio, Ele governa seu corpo para o estabelecimento de Seu reino.
Uma igreja que segue a visão de sua liderança e trata com honra as autoridades por Ele instituída é uma igreja forte e eficaz na destruição das obras do diabo. Ele é o maior interessado em semear divisão para enfraquecer a missão da Igreja que é a missão de Cristo.
“…Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” I Jo 3:8
“destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo,” 2 Co 10:5
“…recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma.” Tg 1:21
Referências
Bevere, John. Debaixo das suas asas. Editora Lan, 2016.
Monroe, Myles. Redescobrindo o Reino. Reino Editorial, 2007.
Malafaia,Silas. Autoridade Espiritual. Central Gospel, Rio de Janeiro, 2008.