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O crente e a vida intelectual – Parte II

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“O esforço da inteligibilidade humana por meio das experiências com Deus, e, por meio da busca do conhecimento bíblico, abre o feixe para um contato direto com o Divino. Logo, o cristão do novo século precisa ampliar seu círculo de latência intelectual, ou seja, seu conjunto de ações e possibilidades de aprendizagem da Palavra.”

André Batalhão

“Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se àquele que contempla o seu rosto natural num espelho; pois contempla a si mesmo, se retira e logo esquece como era a sua aparência. Mas aquele que atenta bem para a lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte que logo se esquece, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.”

Tiago 1.22-25 NAA

         A amplitude do conhecimento de Deus está arraigada no seu poder de expressão (Provérbios 9.9), evidenciando um conjunto potencial de percepções e experiências com o Senhor, que falem por si mesmas, e, assim, desperte nas pessoas que estão a sua volta o olhar sobre esta abertura de possíveis experiências com o Eterno.

            A abertura para possíveis experiências com Deus é fundamental para o desenvolvimento da fé. Para um recém-convertido, a leitura isolada de um versículo bíblico pode não transmitir uma experiência completa e impactante com Deus. Ele ainda precisa de um análogo, o que ele ainda não tem. A persistência do cristão na busca pela Palavra (2 Timóteo 2.11-13, 19; 3.14; 4.7,10) culminará na possibilidade de apreender algo da sua realidade diária e relacioná-la com o seu mundo interior e social, permitindo a construção de um relacionamento efetivo e afetivo com Deus.

            Toda comunicação de conhecimento parte de um arcabouço de experiências (Juízes 3.2; Hebreus 5.13). Esse conhecimento precisa ser compartilhado em um ambiente em que ele seja minimamente familiar, dentro de uma estrutura de realidade comum. Um horizonte indefinido de comunicação, sem um referente, pode diminuir o impacto do conhecimento revelado, enfraquecendo sua mensagem, bem como seu alcance. Por isso, precisamos alfabetizar os novos convertidos na Palavra, e também refinar o conhecimento de cristãos que já ocupam os assentos dos templos. Para isso, precisamos atraí-los para o ambiente de ensino, pois a ausência (física e mental) dessas pessoas impossibilita pavimentar um eixo conectivo consistente entre os ensinamentos bíblicos e suas experiências de vida.

            Claro que, aqueles que exercem uma posição de liderança no ambiente eclesiástico merecem uma atenção particular, mas, não somente estes, devem desfrutar de um acompanhamento sistemático e propínquo. A democratização do conhecimento sobre Deus deve acompanhar e estar engendrada nos valores da igreja, compondo os objetivos e a cosmovisão da organização religiosa.

            O conhecimento retido, ou egoísta, não promove o desenvolvimento espiritual nem intelectual dos cristãos (Tiago 3.13-16). O conhecimento de Deus e sobre Deus são princípios da Palavra, e dão suficiência aos pilares basilares da igreja. A falta deles compromete um cunhal crucial da igreja, provocando o esmorecimento da estrutura e imagem doutrinária, resultando em um alcance extremamente restritivo.

            Para construirmos um conhecimento sólido sobre a Palavra de Deus precisamos estar atentos a deformidades de pensamento. O pensamento metonímico pode ser um deles, em que este pode nos levar a resultados completamente equivocados e desastrosos.  Para isso, devemos estar atentos a ideias infundamentadas e sem aderência teológica, em que estas podem não possuir características factuais, ou não são personas representativas, pois nunca ultrapassaram o campo das ideias. As figuras de linguagem podem jogar contra nesse caso, em que, muitas vezes, o conhecimento tenta ser concebido a partir da separação entre sujeito e objeto. Essa forçada separação impossibilita a geração de um conhecimento fidedigno e experiencial, passando a ser uma apresentação predominantemente expositiva (o que não deve ser diminuído em importância na pregação e ensino da Palavra) e pouco argumentativa.

            O conhecimento humano é limitado, transitório, movediço e efêmero. A Ciência Histórica é um campo científico extremamente importante e relevante para o conhecimento sobre Jesus Cristo e o Antigo Testamento. No entanto, em alguns momentos, este campo de conhecimento mostrou-se como um conhecimento relativo. Podemos citar o exemplo do tanque de Betesda, em que Jesus curou um paralítico (João 5.2-15). Por muitos anos, muitos historiadores negaram a existência de tal tanque, argumentando que tais fatos descritos em tal lugar não foram fatos em verdade. No entanto, escavações arqueológicas, feitas no século passado, demonstraram a existência do tal tanque, confirmando os relatos bíblicos (BIBLICAL ARCHAEOLOGY SOCIETY, 2020).

            Tudo isso demonstra como o nosso conhecimento, que constrói e desenvolve nossa intelectualidade, é falho e reduzido. Isso não enfraquece as ciências e áreas de conhecimento que põem seus olhos sobre o campo teológico, ao contrário, permite que os cristãos confirmem e corroborem os relatos das Escrituras Sagradas. Mas isso só é possível se obtivermos o conhecimento sobre Deus baseados na Sua Palavra, levando uma vida intelectual em Cristo honesta e contínua (Oséias 6.3). Fortaleça sua base intelectual na Palavra, pois o conhecimento de Deus é perene, intransigível, medular e eficaz.

Referências

BIBLICAL ARCHAEOLOGY SOCIETY. The Bethesda Pool, Site of One of Jesus’ Miracles. Washington: Biblical Archaeology Society, 2020. Disponível em: https://www.biblicalarchaeology.org/daily/biblical-sites-places/jerusalem/the-bethesda-pool-site-of-one-of-jesus-miracles/ . Acesso em: 12 mar. 2021.

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