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A Blasfêmia contra o Espírito Santo

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A blasfêmia contra o Espírito Santo é um dos temas mais debatidos da Bíblia. Para compreender melhor o que isso significa é necessário analisar o contexto imediato bem como recorrer ao contexto geral das Escrituras. A “blasfêmia contra o Espírito Santo” ocorre apenas nos Evangelhos Sinópticos (Mt 12:31; Mc 3:28–29; Lc 12:10). A palavra βλασφημία (blasphēmia) em diferentes contextos aparece 18 vezes no Novo Testamento com o sentido de Injuriar, caluniar, vituperar, difamar, falar mal. Enquanto o verbo blasfemar βλασφημέω (blasphēmeō) e seus correlatos aparecem 56 vezes. Nos relatos de Mateus e Marcos, os líderes religiosos (fariseus, escribas) criaram uma versão fraudulenta para explicar a origem do poder de Jesus. Para eles, Jesus era um mágico e que usava o poder de Belzebu, o príncipe dos demônios. Nesse contexto, Jesus ensina que qualquer pessoa que atribui verbalmente as obras do Espírito a Satanás, comete blasfêmia contra o Espírito Santo. Esse pecado não pode ser perdoado porque atenta contra a pessoa do Espírito Santo que convence o homem de seus pecados.  Dessa forma, esse tipo de calúnia revela um coração endurecido que rejeitou de forma final e última a obra de convencimento do Espírito Santo, obra que deve levar ao arrependimento. O contexto em Mateus (Mt 12:33–37) indica que as palavras justificam ou condenam o indivíduo porque refletem o que está no seu coração.

No evangelho de Lucas (12:10), a blasfêmia contra o Espírito Santo aparece entre a instrução de Jesus para que seus discípulos não o neguem diante dos homens (Lc 12:8–9) e ao incentivo para que não se preocupem com o que dizer em situações de risco de vida (Lc 12:11–12), pois eles serão capacitados pelo Espírito Santo. 

Ao analisar o texto de Mateus 12, Jesus tinha curado um homem cego e mudo. Os que presenciaram esse fato, estavam inclinados a reconhecê-lo como o Messias prometido à Israel. Contudo, os religiosos, com ciúmes e com o coração endurecido, começaram a  caluniá-lo atribuindo a origem dos seus poderes a Satanás, inventando mentiras ao povo para que não cressem no Evangelho nem em Cristo. Jesus então, contra ataca, refutando seus argumentos e mostrando como a lógica dos religiosos era falha e sem sentido algum. Como alguém pode usar o poder do príncipe dos demônios contra os próprios demônios? Um reino dividido, não permanece de pé. Dessa forma, Jesus prova que havia uma guerra entre o Reino de Deus contra o Reino das Trevas. Jesus estava derrotando o poder das trevas com a obra do Espírito Santo de Deus. 

O que não é blasfêmia contra o Espírito Santo

Antes de compreender o que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, é preciso destacar aquilo que não é, dessa forma, Martins ( p. 136) afirma que a blasfêmia contra o Espírito Santo não é a incredulidade final. Na visão de Billy Graham, em seu livro “O Espírito Santo”, a blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição total e irrevogável de Jesus Cristo, atribui-se à pessoa que permanece incrédula até a morte. Contudo, não obstante o fato de que a incredulidade até a hora da morte seja um pecado imperdoável, visto que não há oportunidade de salvação depois da morte, o contexto prova que Jesus está dizendo que o pecado imperdoável é um pecado que se comete não no leito de enfermidade, mas em vida, de forma consciente e deliberada. 

Para Lopes (2019, p. 396) a blasfêmia contra o Espírito Santo, não é rechaçar por um tempo a graça de Deus, uma vez que muitas pessoas vivem na ignorância, na desobediência por longos anos, e depois são convertidas ao Senhor. Por um tempo, Paulo rejeitou a graça de Deus (At 26.9; 1Tm 1.13). Os próprios irmãos de Jesus não creram nele até sua ressurreição (3.17; Jo 7.5), mas depois tornaram-se pessoas tementes a Deus. 

A blasfêmia contra o Espírito Santo também não é negar a Cristo e sua divindade por um período, uma vez que muitas pessoas assim o fizeram como Saulo de Tarso, mas depois de sua conversão, ele foi um dos maiores defensores do Evangelho e do Cristo ressurreto. 

Também não é negar a divindade do Espírito Santo, porque muitas pessoas de algumas seitas que negam a divindade e a pessoa do Espírito Santo, quando são alcançadas pela verdade do Evangelho, são convencidas pelo Espírito Santo de que Ele é Deus. 

E em último lugar, não é entristecer o Espírito Santo, uma vez que mesmo quando o cristão comete pecado, o Espírito Santo age em sua vida convencendo-o de seu erro e levando-o ao arrependimento sincero e à conversão, promovendo a mudança de rota e de atitude.

Pecados contra o Espírito Santo

A Bíblia registra vários tipos de pecados específicos contra o Espírito Santo, os quais serão listados a seguir: 

  1. Mentir ao Espírito Santo (At 5:3)
  2. Apagar o Espírito (1 Ts 5:19)
  3. Entristecer o Espírito Santo (Ef 4:30)
  4. Rejeitar ou Desprezar o Espírito Santo (1 Ts 4:8) 
  5. Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12:31; Mc 3:28–29; Lc 12:10) 

Em tese, todos os pecados poderiam ser perdoados desde que houvesse arrependimento, até mesmo a blasfêmia contra o Espírito Santo. No entanto, há um fator que torna a blasfêmia imperdoável: quem comete esse tipo de pecado, de forma deliberada, não se arrepende do que fez. E o texto que ilustra muito bem essa realidade é Hebreus 6:4-6

É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.

O blasfemo é aquele que:

  1. Foi iluminado, recebeu o conhecimento, é consciente de seus atos;
  2. Provou o dom celestial;
  3. Tornou-se participante do Espírito Santo;
  4. Provou da boa Palavra de Deus;
  5. Provou os poderes do mundo vindouro;
  6. Recaiu, por isso, não se arrepende.

Para Lopes (2019, p. 403) os pecados mais horrendos podem ser perdoados. Manassés era feiticeiro e assassino, mas se arrependeu. Nabucodonosor era um déspota sanguinário, mas se arrependeu. Davi adulterou e matou, mas foi perdoado. Saulo perseguiu a igreja de Deus, mas foi convertido. Maria Madalena era possessa, mas Jesus a transformou. A blasfêmia contra o Espírito Santo, porém, não tem perdão. Quem pratica esse pecado, atravessa a linha divisória da oportunidade e torna-se réu de pecado eterno. O processo de endurecimento chega a um ponto em que é impossível que essa pessoa seja renovada para o arrependimento (Hb 6.4–6). Deus entrega a pessoa a si mesma e a uma disposição mental reprovável (Rm 1.24–28). Ela comete o pecado para morte (1Jo 5.16). Não tem perdão para sempre, visto que é ré de pecado eterno (Mc 3.29). Só lhe resta uma expectativa horrível de juízo (Hb 10.26–31).

A blasfêmia contra o Espírito Santo não é um pecado de ignorância. Não é por falta de luz. Para que uma pessoa seja perdoada, ela precisa estar arrependida. O perdão precisa ser desejado. Os fariseus, entretanto, mesmo sob a evidência incontroversa das obras de Cristo, negam e invertem essa obra. Eles não sentiam nenhuma tristeza por seu pecado. Substituíram a penitência pela insensibilidade, e a confissão, pela intriga. Portanto, dada a sua insensibilidade criminosa e completamente indesculpável, eles estavam condenando a si mesmos. Eles fecharam a porta da graça com suas próprias mãos. Robert Mounce diz que o pecado imperdoável é o estado de insensibilidade moral causado pela contínua recusa em atender ao clamor do Espírito de Deus. Charles Spurgeon destaca que o indivíduo culpado desse pecado ultrajante, de imputar as obras de Cristo e seu poder gracioso à agência diabólica, pecou em uma condição na qual a sensibilidade espiritual está morta e o arrependimento se tornou moralmente impossível.12 Hendriksen argumenta que a blasfêmia contra o Espírito Santo é o resultado de gradual progresso no pecado. Entristecer o Espírito (Ef 4.30), se não há arrependimento, leva à resistência ao Espírito (At 7.51), a qual, se continuada, desenvolve-se até que o Espírito é apagado (1Ts 5.19). Então, vem a blasfêmia contra o Espírito (12.31,32).

REFERÊNCIAS

LOPES, H. D. Mateus: Jesus, o Rei dos Reis. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2019. 

MARTINS, J. G. Como entender os textos mais polêmicos da Bíblia. 3. ed. Curitiba: A.D Santos, 2011.

MILLS, D. W. Blasphemy. Dicionário Bíblico Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press, 2020. 

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