Menu

A Blasfêmia contra o Espírito Santo

Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no telegram
Compartilhar no facebook
Compartilhar no email

A blasfêmia contra o Espírito Santo é um dos temas mais debatidos da Bíblia. Para compreender melhor o que isso significa é necessário analisar o contexto imediato bem como recorrer ao contexto geral das Escrituras. A “blasfêmia contra o Espírito Santo” ocorre apenas nos Evangelhos Sinópticos (Mt 12:31; Mc 3:28–29; Lc 12:10). A palavra βλασφημία (blasphēmia) em diferentes contextos aparece 18 vezes no Novo Testamento com o sentido de Injuriar, caluniar, vituperar, difamar, falar mal. Enquanto o verbo blasfemar βλασφημέω (blasphēmeō) e seus correlatos aparecem 56 vezes. Nos relatos de Mateus e Marcos, os líderes religiosos (fariseus, escribas) criaram uma versão fraudulenta para explicar a origem do poder de Jesus. Para eles, Jesus era um mágico e que usava o poder de Belzebu, o príncipe dos demônios. Nesse contexto, Jesus ensina que qualquer pessoa que atribui verbalmente as obras do Espírito a Satanás, comete blasfêmia contra o Espírito Santo. Esse pecado não pode ser perdoado porque atenta contra a pessoa do Espírito Santo que convence o homem de seus pecados.  Dessa forma, esse tipo de calúnia revela um coração endurecido que rejeitou de forma final e última a obra de convencimento do Espírito Santo, obra que deve levar ao arrependimento. O contexto em Mateus (Mt 12:33–37) indica que as palavras justificam ou condenam o indivíduo porque refletem o que está no seu coração.

No evangelho de Lucas (12:10), a blasfêmia contra o Espírito Santo aparece entre a instrução de Jesus para que seus discípulos não o neguem diante dos homens (Lc 12:8–9) e ao incentivo para que não se preocupem com o que dizer em situações de risco de vida (Lc 12:11–12), pois eles serão capacitados pelo Espírito Santo. 

Ao analisar o texto de Mateus 12, Jesus tinha curado um homem cego e mudo. Os que presenciaram esse fato, estavam inclinados a reconhecê-lo como o Messias prometido à Israel. Contudo, os religiosos, com ciúmes e com o coração endurecido, começaram a  caluniá-lo atribuindo a origem dos seus poderes a Satanás, inventando mentiras ao povo para que não cressem no Evangelho nem em Cristo. Jesus então, contra ataca, refutando seus argumentos e mostrando como a lógica dos religiosos era falha e sem sentido algum. Como alguém pode usar o poder do príncipe dos demônios contra os próprios demônios? Um reino dividido, não permanece de pé. Dessa forma, Jesus prova que havia uma guerra entre o Reino de Deus contra o Reino das Trevas. Jesus estava derrotando o poder das trevas com a obra do Espírito Santo de Deus. 

O que não é blasfêmia contra o Espírito Santo

Antes de compreender o que é a blasfêmia contra o Espírito Santo, é preciso destacar aquilo que não é, dessa forma, Martins ( p. 136) afirma que a blasfêmia contra o Espírito Santo não é a incredulidade final. Na visão de Billy Graham, em seu livro “O Espírito Santo”, a blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição total e irrevogável de Jesus Cristo, atribui-se à pessoa que permanece incrédula até a morte. Contudo, não obstante o fato de que a incredulidade até a hora da morte seja um pecado imperdoável, visto que não há oportunidade de salvação depois da morte, o contexto prova que Jesus está dizendo que o pecado imperdoável é um pecado que se comete não no leito de enfermidade, mas em vida, de forma consciente e deliberada. 

Para Lopes (2019, p. 396) a blasfêmia contra o Espírito Santo, não é rechaçar por um tempo a graça de Deus, uma vez que muitas pessoas vivem na ignorância, na desobediência por longos anos, e depois são convertidas ao Senhor. Por um tempo, Paulo rejeitou a graça de Deus (At 26.9; 1Tm 1.13). Os próprios irmãos de Jesus não creram nele até sua ressurreição (3.17; Jo 7.5), mas depois tornaram-se pessoas tementes a Deus. 

A blasfêmia contra o Espírito Santo também não é negar a Cristo e sua divindade por um período, uma vez que muitas pessoas assim o fizeram como Saulo de Tarso, mas depois de sua conversão, ele foi um dos maiores defensores do Evangelho e do Cristo ressurreto. 

Também não é negar a divindade do Espírito Santo, porque muitas pessoas de algumas seitas que negam a divindade e a pessoa do Espírito Santo, quando são alcançadas pela verdade do Evangelho, são convencidas pelo Espírito Santo de que Ele é Deus. 

E em último lugar, não é entristecer o Espírito Santo, uma vez que mesmo quando o cristão comete pecado, o Espírito Santo age em sua vida convencendo-o de seu erro e levando-o ao arrependimento sincero e à conversão, promovendo a mudança de rota e de atitude.

Pecados contra o Espírito Santo

A Bíblia registra vários tipos de pecados específicos contra o Espírito Santo, os quais serão listados a seguir: 

  1. Mentir ao Espírito Santo (At 5:3)
  2. Apagar o Espírito (1 Ts 5:19)
  3. Entristecer o Espírito Santo (Ef 4:30)
  4. Rejeitar ou Desprezar o Espírito Santo (1 Ts 4:8) 
  5. Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12:31; Mc 3:28–29; Lc 12:10) 

Em tese, todos os pecados poderiam ser perdoados desde que houvesse arrependimento, até mesmo a blasfêmia contra o Espírito Santo. No entanto, há um fator que torna a blasfêmia imperdoável: quem comete esse tipo de pecado, de forma deliberada, não se arrepende do que fez. E o texto que ilustra muito bem essa realidade é Hebreus 6:4-6

É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.

O blasfemo é aquele que:

  1. Foi iluminado, recebeu o conhecimento, é consciente de seus atos;
  2. Provou o dom celestial;
  3. Tornou-se participante do Espírito Santo;
  4. Provou da boa Palavra de Deus;
  5. Provou os poderes do mundo vindouro;
  6. Recaiu, por isso, não se arrepende.

Para Lopes (2019, p. 403) os pecados mais horrendos podem ser perdoados. Manassés era feiticeiro e assassino, mas se arrependeu. Nabucodonosor era um déspota sanguinário, mas se arrependeu. Davi adulterou e matou, mas foi perdoado. Saulo perseguiu a igreja de Deus, mas foi convertido. Maria Madalena era possessa, mas Jesus a transformou. A blasfêmia contra o Espírito Santo, porém, não tem perdão. Quem pratica esse pecado, atravessa a linha divisória da oportunidade e torna-se réu de pecado eterno. O processo de endurecimento chega a um ponto em que é impossível que essa pessoa seja renovada para o arrependimento (Hb 6.4–6). Deus entrega a pessoa a si mesma e a uma disposição mental reprovável (Rm 1.24–28). Ela comete o pecado para morte (1Jo 5.16). Não tem perdão para sempre, visto que é ré de pecado eterno (Mc 3.29). Só lhe resta uma expectativa horrível de juízo (Hb 10.26–31).

A blasfêmia contra o Espírito Santo não é um pecado de ignorância. Não é por falta de luz. Para que uma pessoa seja perdoada, ela precisa estar arrependida. O perdão precisa ser desejado. Os fariseus, entretanto, mesmo sob a evidência incontroversa das obras de Cristo, negam e invertem essa obra. Eles não sentiam nenhuma tristeza por seu pecado. Substituíram a penitência pela insensibilidade, e a confissão, pela intriga. Portanto, dada a sua insensibilidade criminosa e completamente indesculpável, eles estavam condenando a si mesmos. Eles fecharam a porta da graça com suas próprias mãos. Robert Mounce diz que o pecado imperdoável é o estado de insensibilidade moral causado pela contínua recusa em atender ao clamor do Espírito de Deus. Charles Spurgeon destaca que o indivíduo culpado desse pecado ultrajante, de imputar as obras de Cristo e seu poder gracioso à agência diabólica, pecou em uma condição na qual a sensibilidade espiritual está morta e o arrependimento se tornou moralmente impossível.12 Hendriksen argumenta que a blasfêmia contra o Espírito Santo é o resultado de gradual progresso no pecado. Entristecer o Espírito (Ef 4.30), se não há arrependimento, leva à resistência ao Espírito (At 7.51), a qual, se continuada, desenvolve-se até que o Espírito é apagado (1Ts 5.19). Então, vem a blasfêmia contra o Espírito (12.31,32).

REFERÊNCIAS

LOPES, H. D. Mateus: Jesus, o Rei dos Reis. 1. ed. São Paulo: Hagnos, 2019. 

MARTINS, J. G. Como entender os textos mais polêmicos da Bíblia. 3. ed. Curitiba: A.D Santos, 2011.

MILLS, D. W. Blasphemy. Dicionário Bíblico Lexham. Bellingham, WA: Lexham Press, 2020. 

Publicações Relacionadas

Temas Difíceis da Bíblia
Erivelton Nunes

O que a Bíblia diz sobre o Hamas?

Desde os últimos atos terroristas empreendidos contra o Estado de Israel no dia 7 de outubro, pelo grupo terrorista, autodenominado HAMAS. Muita informação distorcida está

Leia mais

Outras Publicações

Our Faith
Verônica de Souza

We are called children of God

The Father has loved us so much that we are called children of God. 1 John 3.1 It’s vital we are in close relationship with

Leia mais