Nabucodonosor e Ciro foram usados como instrumentos de Deus em sua soberania e num primeiro momento, não tinham plena consciência desse fato. Todavia, tiveram a oportunidade de conviver com homens tementes a Deus que lhes expuseram o conteúdo da palavra escrita de forma prática através de seus testemunhos. A soberania passiva atuou em Nabucodonosor ao ponto dele ser reconhecido três vezes como “servo” de Deus e Ciro como apascentador da nação de Israel e ungido do Senhor.
De acordo com Lopes (2005, p.59) Deus usou quatro diferentes expedientes para levar Nabucodonosor à conversão. Em primeiro lugar, colocou pessoas crentes em sua companhia. Em segundo lugar, mostrou para ele que só o Reino de Cristo é eterno. Nabucodonosor foi levado a contemplar a ruína de sua religião e a confessar que o Deus de Daniel é o Deus dos deuses (Dn 2.47). Ele ficou impressionado, reconheceu que Deus existe, chegou a reconhecer que o Senhor é o maior de todos os deuses. Mas ele não se converteu. Em terceiro lugar, Deus mostrou para ele que só o Deus dos cativos judeus liberta. Ele, mais uma vez, confessou que não há deus que liberte como o Deus daqueles jovens. Mas Deus é o Deus de Mesaque, Sadraque e Abede Nego, não o seu Deus pessoal. Em quarto lugar, mostrou para ele que só o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens. Os versículos 17, 25 e 32 do capítulo 4 do livro de Daniel revelam a última ação de Deus para quebrar as resistências de Nabucodonosor. Deus levou esse homem à loucura para converter seu coração.
Stuart Olyott resume essa intervenção de Deus na vida de Nabucodonosor da seguinte forma:
Nabucodonosor nos faz perceber quão longânimo é Deus. Deus se manifestou a ele indiretamente no capítulo 1, abordou-o diretamente no capítulo 2 e sacudiu-o no capítulo 3. Deus insistiu, insistiu e insistiu de novo. Mas o coração do rei ainda não se encontrava aberto para Deus. No capítulo 4, Deus o instou mais uma vez. A graça de Deus é soberana e, nessa ocasião, Ele agirá de tal forma que destruirá toda resistência ao Seu poder. Deus determinou entrar no coração de Nabucodonosor, e o fará. (OLYOTT, 2018, p.56)
A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências: ele glorifica a Deus (Dn 4.34), confessa a soberania de Deus (Dn 4.35). Testemunha sua restauração (Dn 4.36) e adora a Deus (Dn 4.37). Assim, conclui-se que cada profeta apresentado neste artigo enfatizou aspectos distintos da soberania de Deus na vida dos reis Nabucodonosor e Ciro. O profeta Daniel enfatizou a ação soberana de Deus com o propósito de levar o conquistador pagão ao arrependimento. A mensagem de Isaías enfatizou a presciência divina e o cuidado de Deus para com o seu povo ao predizer as ações do imperador persa Ciro com pelo menos 150 anos de antecedência. Já o profeta Jeremias levou pelo menos vinte e três anos de sua vida conclamando a sua nação ao arrependimento. Para Deus, tanto Nabucodonosor quanto Ciro estavam fazendo a vontade divina. Nabucodonosor estava aplicando a correção ao povo de Deus e Ciro o estava restaurando.
REFERÊNCIAS
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