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Amigos: uma espécie em extinção?

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A Bíblia se refere cerca de cento e quatro vezes a amigos. Ao longo de nossa vida colhemos diversas experiências: fazemos amigos, esquecemos amigos, sofremos com os amigos, perdemos amigos e somos abençoados por amigos. Existem amigos de palavras, amigos de gestos e amigos de sentimento

Os primeiros são amigos light. Precisamos deles não em poucas horas, porque o que nos dizem frequentemente nos serve de grande ajuda. Os amigos de gestos expressam caridade, misericórdia, bondade e benignidade. Ajudam-nos a sair de crises, reanimam-nos positivamente em meio às tempestades da vida, não raro funcionam como legítimos anjos da guarda. Os amigos de sentimento não somente abrem os lábios ou nos dão as mãos, mas também – e principalmente, sofrem conosco, estando perto ou longe. 

A melhor maneira de identificar esses amigos acontece quando ouvimos o que disseram de nós, quando estavam a grande distância. Ou quando sabemos que nos defenderam, sozinhos, diante de uma multidão que tentava nos destruir. Ou que nos chamam para perto de si, quando todos já nos abandonaram.

Ao contrário dos amigos que nos lisonjeiam, dos amigos que nos enchem de afagos, e dos que não perdem oportunidade de nos explorar, os verdadeiros amigos têm a marca de Cristo em seus corações.

Não conhecemos os genuínos amigos nas reuniões convencionais, nos ambientes festivos, nas entregas de medalhas. Em tais ocasiões se aglomeram os profissionais de tapinhas nas costas e práticas afins.

Existem os amigos fotogênicos, ou seja, os que sempre querem uma foto conosco. Precisam promover-se à custa de tal expediente. Estes são parceiros dos amigos de conveniência. Que por sua vez lembram os amigos de plantão. Hoje sim, amanhã não. Depois destes, bastaria citar os amigos aproveitadores, um pouco mais soft do que os exploradores. Mas, tão inúteis quanto os bajuladores.

Quando fui para os Estados Unidos como missionário em 1979, alguns amigos fizeram festa. Sentiram-se livres de um concorrente e assim o caminho pareceu mais livre.

Quase trinta anos depois, alguns deles já foram, outros depuseram suas armas e uns outros tentam me convencer de que continuam meus amigos.

Falando francamente, não tenho muitos amigos. Talvez porque não tive habilidade de os produzir. Mas será que amigos são produzidos? Ou será que caem do céu? 

Sempre é proveitoso, gratificante, sábio e salutar diferenciar amigos de colegas, colegas de companheiros, companheiros de bajuladores. Os verdadeiros amigos não nos têm em conta de competidores, senão de somadores no Reino.

Aproveito o espaço de hoje para, espontaneamente, render uma homenagem a três preciosos amigos. Eles pertencem a uma pequena comunidade que brilha em minha mente e meu coração, mas suas vidas representam mais que ouro para mim.

Poderia citar outros nomes. Talvez o faça noutra ocasião.  Hoje menciono Antonio Gilberto, Ouriel de Jesus e Rodolfo Beutenmuller. Sou grato a Deus pela amizade que me têm devotado, por algumas décadas. 

Em horas bastante turbulentas de minha vida, não me viraram as costas, nem fizeram coro com meus adversários, que por sinal eram poucos. 

Como gratidão e correspondência à sua amizade para comigo, quero manter invulnerável a minha para com eles. E outros, que poderia citar.

Ao mencionar os seus nomes transcrevo um interessante pensamento de Elmer G. Letterman: “Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos: conservar os velhos“.

Deus me permita dispor de tempo – ainda – para fazer novos amigos. Mas que me conceda o privilégio de não perder os que já me deu.

Caro(a) leitor(a), não seja pessimista. Os amigos não são uma classe em extinção. São, ao contrário, uma classe em expansão.

Texto original disponível em http://prgeziel.blogspot.com/2007/ 

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