A expressão que serve de título para este texto foi tomada das palavras de Paulo, endereçadas a Timóteo, seu filho na fé (I Tm 4;6).
Havia um anelo no coração do apóstolo das gentes no sentido de que Timóteo fosse mais que um simples ministro. Seu desejo era que ele viesse a ser um bom ministro.
O vocábulo ministro descreve vários títulos oficiais de caráter civil ou religioso. No Brasil os Ministros são pessoas que exercem atividade de alta importância no Poder Executivo, e são ligados diretamente à Presidência da República.
Com muita propriedade, o Smith`s Bible Dictionary declara que no Antigo Testamento essa palavra (ou título) é aplicada a Josué (Ex 24.13) sendo que na maioria das versões ela é traduzida por servidor. Em I Rs 10.5 ela é traduzida por oficiais e se refere a auxiliares de Salomão, que serviam no palácio. Em II Cr 22.8 os ministros são chamados de príncipes e no Sl 104.4 pode estar se referindo a oficiais de Israel ou a anjos.
Sacerdotes e levitas do AT são também chamados de ministros: Ed 8.17; Ne 10.36 (sacerdotes que ministram), Is 61.6 (ministros de nosso Deus), Ez 44.11 (ministros no santuário), Jl 1.13 (ministros do altar), etc.
Em II Sm 8.18 lemos que alguns dos filhos de Davi eram ministros. No Salmo 104.4 lemos: Faz dos seus anjos espíritos, dos seus ministros um fogo abrasador.
Voltando-nos para o Novo Testamento, encontramos a declaração de Paulo, de que as autoridades atuam na condição de ministros de Deus (Rm 13.6). Em algumas versões o assistente da sinagoga (Lc 4.20) é chamado de ministro.
Chegamos, agora, ao ponto que mais nos interessa: os obreiros de Deus e sua condição de ministros. O NT enumera as seguintes designações, quando se refere aos Obreiros que exercem efetiva liderança na Casa de Deus:
- Ministros (I Co 3.5)
- Ministros da Palavra (Lc 1.2)
- Ministros de Cristo (I Co 4.1; II Co 11.23)
- Ministros de Deus (II Co 6.4)
- Ministros de um novo testamento (II Co 3.6)
Segundo o Easton`s Bible Dictionary, existem duas palavras hebraicas e três gregas, usadas no texto sagrado, as quais são traduzidas por ministro:
(1) Meshereth, usada para Josué, os servos de Eliseu, os sacerdotes e levitas, etc.
(2) Pelah, que tem a conotação de ministro religioso (Ed 2.55; Ne 7.57)
(3) Leitourgos, um administrador público (Rm 13.6). É aplicado a Cristo em Hb 8.2.
(4) Hyperetes, alguém que presta serviços a um superior (Lc 4.20; At 13.5)
(5) Diakonos, que significa alguém que presta serviços a outro no ministério do Evangelho (I Co 3.5; Ef 6.21; Cl 1.7).
Os escritores do NT usaram exaustivamente o verbo ministrar (também traduzido por servir). Seguem alguns poucos exemplos:
(a) Finda a tentação no deserto, os anjos ministraram a Cristo (Mt 4.11)
(b) Jesus recomendou aos Seus discípulos que se abstivessem de qualquer forma de grandeza, mas que se servissem (ministrassem) uns aos outros (Mt 20.26; Mc 9.35; 10.43)
(c) Jesus não veio para ser ministrado (servido), mas para ministrar (servir) (Mt 20.28; Mc 10.45)
(d) Se alguém pode ministrar-me (servir-me), então siga-me (Jo 12.26)
(e) Eu te levantei para que possas ministrar e ser minha testemunha (At 26.16)
(f) Eu vou a Jerusalém a fim de ministrar aos santos (Rm 15.25)
O Senhor Jesus revelou a Paulo que Ele próprio estaria concedendo dons e qualificações especiais a alguns dentre os Seus, a fim de exercerem o Ministério.
Esses dons correspondem a cinco ministérios, de acordo com Efésios 4.11: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.
Em algumas versões da Bíblia, inclusive em outros idiomas, a expressão anjo da Igreja, usada em Ap 2 e 3 é traduzida por ministro da Igreja, referindo-se, portanto, ao pastor.
A Igreja não pode viver sem a ação dos seus ministros. Por sua vez, os ministros precisam ser dedicados à Igreja no exercício de seu ministério.
É permitido aspirar ao ministério, mas não é permitido apoderar-se dele. Há que esperar a confirmação de Deus, a certeza da chamada, a evidência da vocação e o tempo certo.
Paulo tinha consciência de haver sido levantado por Deus para ser um ministro (Ef 3.7; Cl 1.23). O Senhor lhe outorgou 3 dos cinco dons ministeriais, a saber: apóstolo, evangelista e mestre. Ele sabia que não era um profeta, nem um pastor (II Tm 1.11). (Nesse texto, pregador corresponde a evangelista).
Caso a pessoa assuma uma posição na Igreja que não corresponda ao seu ministério, jamais produzirá os frutos desejados e esperados.
O pastor tem paciência para ouvir as ovelhas. O evangelista, não. O evangelista prega com ousadia e muita vibração. O pastor é mais calmo e professoral no seu estilo.
O mestre cuida de orientar a Igreja em todo o conselho de Deus, enquanto o evangelista se especializa na mensagem da Redenção e se deixa consumir pelo ardor evangelístico e pela vontade inquebrantável de ver almas salvas.
Evangelistas apreciam estatísticas e amam as multidões. O pastor é capaz de tomar bastante tempo com uma ovelha ferida ou cansada.
Nos últimos anos têm aparecido muitos ministros com o dom de avivalistas. Tal nomenclatura não tem embasamento ou apoio escriturístico. Freqüentemente os avivalistas se esquecem de fazer apelos aos pecadores, enquanto tomam todo o seu tempo buscando um derramamento de poder sobre os que já estão dentro do aprisco.
Um bom ministro é aquele que ministra a graça de Deus aos seus ouvintes (Ef 4.29). Um bom ministro ausculta as necessidades da Igreja e tem a marca da fidelidade como selo de seu ministério (Ef 6.20. Cl 1.7. Cl 4.7).
A principal preocupação de um bom ministro não é ministrar aos desejos da congregação e sim às suas necessidades (Fp 2.25; 4.16). Se considerarmos a palavra ministro no sentido de quem presta um serviço para Deus e para o Seu povo, os cantores exercem um ministério. E de igual maneira os que contribuem, os que visitam, os que intercedem, etc., etc. Mas, se usamos a palavra ministro no sentido da liderança e da administração da Casa de Deus os cantores não são ministros.
Os cânticos não dirigem a Igreja. Eles são oferecidos a Deus, na esperança de que Ele os aceite e Se digne de liberar a ação livre do Espírito no culto que se realiza. Esta é a razão por que os louvores vêm quase sempre em primeiro lugar, ou seja, na parte inicial do culto. Eles abrem o caminho para o que se segue.
No tempo de Josafá, eles precediam os que vinham armados para as grandes batalhas. Os pregadores são a tropa de choque de Cristo, os atiradores de elite de Jeová, os guerreiros do Espírito Santo. É difícil de entender porque no Brasil os cantores recebem ofertas em média cinco vezes maiores que os pregadores.
A glória do cantor é entoar os hinos que todos conhecem. A glória do pregador é pregar uma mensagem que nunca se ouviu antes. Deus tem um propósito para a vida de cada pessoa que Ele vocaciona, chama e levanta para o sagrado Ministério.
Paulo chama isto de uma dispensação de Deus e está em plena harmonia com Sua Palavra (Cl 1.25). Um bom ministro tem a graça de Deus e a capacidade de ajudar, estabelecer, confirmar e consolar os irmãos (I Ts 3.2). Um bom ministro deve possuir um excelente caráter e ser uma pessoa de quem todos dão bom testemunho, inclusive os infiéis, ou seja, a comunidade onde ele vive (I Tm 3.2,10).
Um bom ministro deve ter costumes de primeira qualidade e em nada deve entristecer o Espírito Santo (Tt 1.7; Ef 4.30). Um bom ministro jamais deve esquecer seu compromisso e sua obrigação de defender a fé que provém do Evangelho (Fp 1.7).
Um bom ministro deve estar cheio de autoridade e deve estar sempre consciente daquilo que fala, pois sabe que Deus confirmará suas palavras, como aconteceu com o profeta Elias (I Rs 17.1-16). Um bom ministro deve ser um exemplo para o rebanho e um motivo de glorificação ao Nome de Deus (Fp 3.17; II Ts 3.9; I Tm 4.12; I Pe 5.3).
Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Texto original disponível em http://prgeziel.blogspot.com/2011/