Na primeira semana de setembro de 2024, a Human Resources Portugal publicou uma matéria intitulada “Segundo a neurociência, a felicidade no trabalho resume-se a duas escolhas simples”, que aborda um trabalho publicado na “Nature Communications” sobre um experimento social bastante interessante[i].
No experimento citado, foram entregues 100 dólares, durante algumas semanas, para 50 pessoas. O objetivo era que metade delas gastasse esse valor com gastos pessoais e a outra metade com amigos ou pessoas próximas.
Então, os participantes foram avaliados por meio de exames de ressonância magnética funcional para medir a atividade em três regiões do cérebro ligadas ao comportamento social, generosidade, felicidade e tomada de decisão. O resultado foi surpreendente: a intenção de ser generoso foi associada à atividade do corpo estriado ventral, área cerebral relacionada ao sentimento de felicidade.
Philippe Tobler, um dos autores do estudo, afirmou: “É notável que a intenção por si só gera uma mudança neural antes de a ação ser realmente implementada. Prometer um comportamento generoso pode ser utilizado como estratégia para reforçar o comportamento desejado, por um lado, e para aumentar o nível de felicidade, por outro. Não é preciso ser um mártir para se sentir mais feliz. Basta ser um pouco mais generoso.”
Ao ler a reportagem, uma associação imediata veio à minha mente: a Bíblia e o amor. Não apenas pelo fato de o autor citar um exemplo de mártir para “se conseguir chegar a ser feliz” e a associação inevitável com Jesus Cristo, mas também pelos próprios ensinamentos do Mestre, que resumiu todos os mandamentos em dois: “Ame ao Senhor, o seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todas as suas forças e com todo o seu entendimento” e “Ame ao seu próximo como a você mesmo”. (Lucas 10:27 – NVI)
O amor de que o Mestre fala é o maior sentimento que o ser humano pode experimentar. Dele derivam outros sentimentos nobres, como a amizade e o altruísmo. Além disso, o próprio amor pode ter várias facetas, como o amor “eros” (romântico), “philia” (fraterno), “storge” (entre pais e filhos) e o “ágape” (transcendental ou divino). Todos enfatizam o relacionamento entre o ser humano, seu Criador e seus semelhantes, contribuindo para relações sociais fortes e produtivas.
A relação social é um fator preponderante na vivência humana, uma vez que o homem, como ser eminentemente social, traz implicações diretas em sua qualidade de vida, evolução pessoal, crescimento profissional, desenvolvimento das civilizações e até mesmo na saúde do indivíduo.
Há, inclusive, outras publicações científicas que reforçam o tema e associam as relações sociais à longevidade. Um estudo feito com idosos dos sete países com maior expectativa de vida no mundo acompanhou, por décadas, grupos de pessoas, mostrando que relações sociais fortes e um senso de comunidade estão associados a uma vida mais longa e saudável.
Há também uma linha de pesquisa que sugere que a interação social ativa o sistema imunológico, reduzindo o estresse e promovendo a saúde física e mental. Outros estudos, agora sobre solidão – ou seja, a ausência de uma socialização efetiva –, demonstram que a solidão crônica pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, depressão e morte precoce.
Em síntese, a felicidade vem de vários fatores, e o mais preponderante é o amor. Ensinado há milênios nas Sagradas Escrituras, o amor ao próximo traz excelentes consequências ao ser humano, tanto do ponto de vista pessoal quanto coletivo. Pois estes mandamentos: “Não adulterarás”, “Não matarás”, “Não furtarás”, “Não cobiçarás”, e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: “Ame ao seu próximo como a você mesmo” (Romanos 13:9 – NVI), e ainda: “Em tudo o que fiz, mostrei a vocês que, mediante trabalho árduo, devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’” (Atos 20:35 – NVI).
[i] https://hrportugal.sapo.pt/segundo-a-neurociencia-a-felicidade-no-trabalho-resume-se-a-duas-escolhas-simples/