Não é incomum ver professores de EBD infantil cheios de recursos visuais que transbordam de bolsas enormes, cheias de cores. Sabe-se que ao trabalhar com os pequeninos, não basta ter um texto bem decorado na cabeça, mas é necessário despertar o interesse e tornar fácil a compreensão daquilo que se pretende ensinar.
De fato, muitos educadores de crianças são mestres em dar vida a personagens bíblicos e recriar cenários e situações, mas vivemos um tempo que contar bem uma história não é o suficiente para gerar princípios de fé e prática cristã. A sociedade investe, com muita criatividade e competência, na desconstrução dos valores judaico-cristãos, o que nos levanta uma questão importante: como ter uma Escola Bíblica que faça frente a isso e realmente proteja nossas crianças de toda a influência do mundo?
Lois Lebar[i] afirma que “é possível manter as pessoas privadas de alimento ao entupi-las de fatos bíblicos”. Não é incomum vermos cristãos que conhecem as histórias bíblicas, mas são incapazes de correlacionar o que sabem e colocar em prática, a fim de manter uma conduta cristã alinhada à vontade de Deus. Esses, talvez nunca tiveram a oportunidade de ter na infância um professor que os pastoreasse, com alimento fresco e com disposição para usar a vara e o cajado na instrução de uma vida treinada a ouvir e seguir somente a voz do Bom Pastor.
Um educador cristão que deseja promover transformação na mente dos seus alunos deve, antes de tudo, passar por sua própria experiência de transformação, e isso exige dedicação ao estudo da Palavra. É impossível pegar a revista de EBD na véspera da aula e, ao se deparar com o tema da lição, concluir que já sabe o que deve fazer e seguir para a classe com recursos e dinâmicas sem, contudo, ter lido e meditado no texto bíblico. De igual modo, é incoerente desejar influenciar e conduzir cordeiros vendo-os uma vez por mês, cumprindo uma escala que não permite criar laços e responsabilidade pessoal para quem está à frente do rebanho.
Davi dedicou parte de sua vida ao pastoreio e, na solidão do seu trabalho, não esperou recompensa nem reconhecimento das pessoas, em vez disso, arriscou-se enfrentando leões e ursos para salvar suas ovelhas. No pasto, onde ninguém via sua dedicação e disposição, foi achado por Deus como um homem segundo o Seu coração (1 Sm 13.14).
Voltando à pergunta de como podemos proteger nossas crianças dessa sociedade corrompida e má, a resposta parece clara: com educadores dispostos a pastorear os cordeiros! Muitos deles não têm em casa a segurança necessária nem a instrução divina para se afastar dos perigos, mas têm na Escola Bíblica o único lugar de refúgio e aprendizado para sua subsistência semanal. Será que apenas uma história bem contada poderá supri-los e protegê-los?
“Quando viu as multidões, [Jesus] teve compaixão delas, pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor. Mateus 9.36
[i] LEBAR, Lois E. Educação que é cristã. Rio de Janeiro: 2010, CPAD.