A preocupação com o futuro é um dos motivos que mais nos causam ansiedade. Deixamos nossa mente ser dominada pelos problemas que virão e ocupamo-nos com estas inquietações antes do tempo. Muitas vezes, os riscos que imaginamos nem acontecem, mas, mesmo assim, sofremos por antecipação.
A segurança financeira é um dos principais motivos que nos causam essa preocupação. Como bem observou um teólogo do século XVI: “A pessoa que tem dinheiro e posses se sente segura, é feliz e não tem receios, como se estivesse sentada no meio do Paraíso. Por outro lado, a pessoa que não tem dinheiro e posses está abatida e desanimada como se não conhecesse Deus algum. Pois são bem poucos os que têm bom ânimo e não se lamentam nem reclamam quando não possuem o Mamom. Esse desejo por dinheiro e posses gruda e se apega à nossa natureza até a cova.”1
Olhem As Aves Do Céu e os Lírios do Campo
Certa vez, Jesus estava falando sobre essas preocupações e disse o seguinte:
“Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?”
Mateus 6.26,27
“Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé?”
Mateus 6.28b-30
As palavras de Cristo têm dois argumentos principais:
1. A sua preocupação não resolverá o problema (Mt 6.27). É claro que é normal ter preocupação. E se isso te servir de alerta e levá-lo à prudência, pode até ser bom. A questão, porém, é que a preocupação, por si só, não resolve nada. Seus problemas não desaparecerão se você gastar muito tempo apenas se preocupando. Não é pelo excesso de preocupação que os problemas deixarão de existir.
2. Você tem um Deus que cuida de você (Mt 6.25-34). Se você não tivesse a quem recorrer, toda a preocupação do mundo faria sentido. Mas, você tem um Deus que pode ajudá-lo. Ele é seu refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl 46.1). Se Deus trata assim as aves do céu e os lírios do campo, quanto mais não cuidará de você? O que Cristo ensina-nos é que, mesmo no meio das aflições, você deve ter confiança, pois Deus, o Senhor dos Exércitos, está conosco (Sl 46.7).
A Promessa de Jesus
Para tirar a preocupação com a providência futura, Jesus fez a seguinte promessa:
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”
Mateus 6.33
Essa é uma bela promessa e traz muita esperança! Ela diz que Deus cuidará de nossas necessidades e que não precisamos nos preocupar com o amanhã. Mas não podemos ignorar que ela tem uma condição: buscar o Reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar.
Na verdade, lendo o contexto, em Mateus 6.19-34, percebo que essa era a real intenção de Cristo. Ele estava ensinando que se deve buscar a Deus mais do que qualquer outra coisa. E que, se a preocupação com o amanhã for um empecilho, o Senhor cuidará de nós e suprirá nossas necessidades.
Um conselho: antes de ficar ansioso, ore!
O apóstolo Paulo traz o seguinte conselho:
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.”
Filipenses 4.6,7
Quando a ansiedade bater à porta, questione-se: “eu já orei por esse problema antes?” Depois de apresentar os seus pedidos a Deus não tenha mais ansiedade por nada. Pois, o que Paulo está nos dizendo em Fl 4.6,7 é o seguinte: Substitua a preocupação pela oração. Sinta a paz de Deus, foque em Jesus, e você será capaz de passar por qualquer situação firmado naquele que te fortalece (Fp 4.13).
Notas:
- LUTERO, Martinho. “Catecismo maior (1529)”. In: Clássicos da Reforma, Martinho Lutero, Uma coletânea de escritos. São Paulo, Vida Nova, 2017, p. 285.