Quando ouvimos falar em milagres, imediatamente pensamos em alegria. Alegria de uma mulher estéril que gerou um filho, alegria de uma viúva que viu o filho voltar a vida, alegria de duas mulheres ao ver o irmão voltar a viver, alegria de um paralítico ao caminhar pela primeira vez. A alegria (inevitável) ao viver o extraordinário, não anula a dor de gerar um milagre.
Quero falar sobre dois, destes quatro milagres hoje.
Ana, um dos maiores exemplos de dor ao gerar um milagre, era uma mulher com a madre cerrada, humilhada, no entanto, sonhadora. Sentia-se desvalorizada e inferiorizada por não poder gerar filhos no momento que queria, sendo oprimida dentro de seu próprio lar. Mas ela sonhava com um filho e já o estava gerando dentro de si, o milagre.
Culturalmente falando, ser mulher e não gerar descendentes a tornava alvo de julgamentos nos tempos bíblicos. “Pecadora”, “amaldiçoada”, “culpada por prejudicar a linhagem do marido “, entre outros rótulos eram colados na mulher que não gerava filhos. Ana foi julgada durante anos antes gerar Samuel e, talvez, julgada até depois de entregar o menino ao sacerdócio. Conhecida por ser um dos exemplos de fé, a dor não parou o seu propósito.
A dor de ser humilhada até gerar não impediu que Ana se alegrasse ao receber Samuel
Particularmente, a viúva de Naim é uma das histórias que mais me comove. Sem nome, sem identidade, sem status, sem marido (provisão) e agora, sem o filho (esperança). Naim era uma cidade quase desconhecida, pouco valorizada e sem uma boa localização geográfica, tanto que, até hoje, historiadores não têm certeza onde ficava a cidade. Esta mulher estava sem identidade, era desprezada pela sociedade por ser viúva e também era oprimida por perder sua única fonte de sustento. Além da dor de ser humilhada, ela sentia a dor de perder um filho que, antes de ser fonte de sustento, era seu bem mais precioso e talvez seu maior amor. Após o milagre, talvez tenha sido conhecida como abençoada, mas durante seu processo sofreu a dor de gerar um milagre.
O ressurreição do menino trouxe ao coração daquela mulher a alegria de receber esperança do Senhor
A dor de gerar o milagre não pode tirar do seu rosto a alegria de viver o milagre. Por vezes a dor do seu processo parece ser maior e mais intensa do que a alegria de viver o milagre, entretanto, isso não é verdadeiro. A alegria de segurar Samuel nos braços será maior do que a dor de ser humilhada por Penina. A alegria de abraçar um filho que estava morto será maior do que a dor de velar seus sonhos e esperança. Acredite, a dor do processo nunca será maior do que a alegria do propósito.