Quando Abrão estava com noventa e nove anos de idade, o SENHOR lhe apareceu e disse: Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e multiplicarei muitíssimo a tua descendência. Abrão prostrou-se, rosto em terra e Deus lhe disse: De minha parte, esta é a minha aliança contigo.
A Bíblia ensina a diferença entre eternidade e tempo. A eternidade aponta para Deus. O tempo, para os homens.
Várias vezes a Bíblia menciona épocas, idades e períodos de tempo na vida de seus personagens. Isto sempre nos oferece material para estudo.
Lemos em Gênesis 17 que quando Abraão estava com noventa e nove anos, Deus lhe apareceu mais uma vez e, como sempre, em caráter especial.
Noventa e nove anos é uma ocasião ímpar na vida do ser humano. A maioria absoluta dos moradores da Terra jamais a alcança. Noventa e nove anos levam o homem a refletir tanto sobre o que já passou, quanto sobre a próxima eventual surpresa, que vem a ser atingir um século de existência…
Espera-se de quem completa cem anos um exuberante exemplo de vida. Houve tempo suficiente para aprender, para refletir, para crescer, para ser sábio e prudente, lutador e herói.
Aos noventa e nove anos Deus renova Seu pacto com Abraão. Deus nunca nos abandona, independentemente da idade que tenhamos. No versículo primeiro, Deus faz 3 declarações: uma sobre Si mesmo e as outras duas dirigidas a Abraão: Eu sou o Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro.
Chegar ao centenário sem atentar para o poder de Deus é algo inadmissível. Chegar ao centenário com orgulho, como se fosse resultado do merecimento e esforço próprios, é profundamente lamentável. Se Abraão tivesse aproveitado os 99 anos para celebrar com triunfalismo suas conquistas, seu crescimento e seu invejável patrimônio, provavelmente não teria merecido a bênção do pacto divino.
Deus lhe disse: anda segundo a minha vontade, ou anda na minha presença. O centenário de Abraão era para ser comemorado com humildade, com adoração, com piedade. Sem orgulho, sem soberba, sem divisões familiares, sem intrigas entre os cuidadores de seu rebanho. Centenário deve ser comemorado com união, com amor, com reconciliação e com justiça.
O centenário deveria ser festejado na presença de Deus e não na dos poderosos da Terra. Na verdade, os poderosos da Terra não o são. Muito menos o próprio Abraão. Deus disse: EU SOU PODEROSO. O poder de Abraão nasceu nas mãos de Deus. O crescimento de Abraão foi obra de Deus. Abraão era pai de Ismael e de Isaque, mas Deus é o Pai de Abraão.
Aos noventa e nove anos de idade, véspera do centenário, Abraão ouviu de Deus a recomendação: seja íntegro, ou perfeito.
A tenda de Abraão, como amigo de Deus, tem de ser tenda de integridade. Lugar de mãos limpas. Habitação de gente pura. Os cem anos de Abraão deveriam ser comemorados em clima de santidade, de gratidão, de integridade, de perfeição e de piedade.
Os servos de Abraão são também (e primeiramente) servos de Deus. Devem viver unidos. Não como tribos, mas como família. Não em política, mas em amor. Não dividindo, mas somando. Não agredindo, mas abençoando. Não competindo, mas apoiando. Não atacando, mas socorrendo.
Aos noventa e nove anos de idade, preparando-se para comemorar o seu centenário, Abraão, ao ouvir a voz de Deus, prostrou-se em terra. Desde a primeira vez que ouviu a voz do Eterno, Abraão jamais perdeu sua sensibilidade espiritual. Vinte e quatro anos depois, ainda está pronto para se prostrar. Devemos andar de cabeça erguida diante dos homens, mas prostrados diante de Deus.
Aos cem anos de idade, Abraão nunca dependeu dos favores dos governantes das terras por onde passou. Nunca fez alianças com satanistas nem com guerrilheiros. Nunca foi abençoado por eles. Ele é quem os abençoava… Ao invés de se deliciar com as gordas verbas dos Faraós e Abimeleques, Abraão amava comer o fruto de seu trabalho, e como resultado é citado 3 vezes na Escritura como amigo de Deus.
Os filhos de Abraão sempre acertam quando o imitam. Afinal, todos somos seus filhos na fé. Que o sejamos de tal maneira que, a exemplo do pai, Deus possa e queira dizer de cada filho: É meu amigo, como foi Abraão. Aos noventa anos. E sempre
Texto original disponível em: http://prgeziel.blogspot.com/2010/09/abraao-aos-noventa-e-nove-anos.html
