2ª Lição: Não existem imprevistos para Deus
O Deus que anuncia coisas novas antes que venham à luz (Isaías 42.9):
Depois que Jesus nasceu, alguns sábios vieram do oriente para o conhecer e prestar reverência. Porém, como não sabiam o local exato do nascimento, foram até Jerusalém buscar mais informações (Mt 2.1-2). Para entendermos melhor a lição de hoje, preciso, antes, contextualizar a sua relação com o Antigo Testamento. O Antigo Testamento, que foi escrito antes de Cristo, contém inúmeras profecias sobre ele. Essas profecias foram um testemunho preparado por Deus para que os homens tivessem evidências para receber Jesus, o Filho de Deus. O próprio Cristo citava as predições das escrituras para confirmar a fé dos seus ouvintes (Lc 24.25-27, Jo 5.39,40).
A Bíblia diz:
“…começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.”
Lc 24.27 ARC
As escrituras do AT previam o seu ministério de milagres (Is 53.4 – Mt 8.16-17), a entrada humilde em Jerusalém (Zc 9.9, Mt 21.1-11), sua rejeição pelos sacerdotes judeus (Sl 118.22,23 – Mt 21.42), sua traição (Sl 41.9 – Jo 13.18-30), a fuga dos discípulos no momento de sua prisão (Zc 13.7 – Mt 26.31), sua crucificação e acontecimentos que ocorreram nela (Sl 22.16 – Lc 23.33 / Sl 22.18 – Jo 19.23-24 / Ex 12.46, Nm 9.12, Sl 34.20 – Jo 19.36 / Zc 12.10 – Jo 19.37), sua ressurreição (Sl 16.8-11, 110.1 – At 2.24-36, 13.34-37) e muitas outras coisas.
Louvado e exaltado seja o nome do Senhor! Pois Ele é Deus Onisciente. O Senhor é aquele que conhece toda a sua criação no detalhe (Sl 147.4); conhece o homem no íntimo ainda que não lhe diga uma palavra (Sl 139.1-4); e, ao mesmo tempo, conhece o futuro de todas as coisas e as anuncia antes que aconteçam (Is 42.9).
Ele é o Deus que diz:
“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.”
Is 46.9,10 ARC
Não existem imprevistos para Deus:
Uma dessas profecias referia-se ao local de nascimento de Cristo (Mq 5.2 – Mt 2.1-6). O Messias iria nascer em Belém da Judéia. Só que Deus escolheu um casal que vivia em Nazaré, não em Belém (Lc 1.26,27). Mas, e então? Como Deus prediz o nascimento do Messias na cidade de Davi (Belém da Judéia), mas escolhe um casal de um vilarejo insignificante, como Nazaré? Como a Palavra do Senhor iria se cumprir?
Aproximando-se o momento de Maria dar à luz houve um recenseamento no império romano em que todos iam para a sua cidade natal alistarem-se (Lc 2.1-3). Por conta disso José teve que deixar Nazaré da Galiléia e foi até Belém da Judéia. Ele foi com Maria que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, o bebê nasceu (Lc 2.4-7).
O Senhor sabia que o recenseamento os levaria para lá. Sua Palavra se cumpriu como havia anunciado. Para Deus não existem imprevistos. Ele não arranja as coisas às pressas, pois não precisa improvisar. Deus é fiel (2 Tm 2.13) e zela para cumprir sua Palavra (Jr 1.12). Os céus e terras podem passar, mas sua Palavra não passará (Mt 24.35).
Pensando de forma hipotética: se Deus me desse a missão de escolher o casal que daria à luz o Messias; e se eu soubesse que Ele deveria nascer em Belém, eu escolheria um casal de Belém. Porém, o recenseamento poderia, para minha surpresa, obrigar esse casal a sair de Belém justamente no momento do nascimento. Eu não teria condições de prever e nem de ter controle da situação.
Aprendo, portanto, que:
O homem escolhe o provável e, mesmo assim, não pode garantir a certeza; Deus garante a certeza mesmo que escolha o improvável.
O berço do Rei dos reis era uma manjedoura:
Por fim, quero concluir falando um pouco das condições em que Cristo nasceu. O texto bíblico no Evangelho de Lucas diz o seguinte:
“…e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.”
Lc 2.7 NVI
Cristo ensina com palavras e também com seu exemplo. E isso começa já no seu nascimento. Pois quando vemos o berço do Rei dos reis já aprendemos uma lição que se estende por toda a sua vida. Vejamos:
- Quando nasceu seu berço foi uma manjedoura (Lc 2.7);
- Quando cumpria seu ministério não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.20);
- Quando morreu também não tinha onde ser enterrado, pois o túmulo em que foi sepultado não era seu (Mt 27.57-61). (Se bem que não precisaria dele por muito tempo já que em três dias ressuscitaria, mas isso é assunto para outro artigo).
Ora, se Jesus viveu assim, quem sou eu para exigir algo maior? Quando olho a manjedoura não vejo a falta de sorte em não conseguir lugar na hospedaria, mas sim o propósito de Deus em nos ensinar algo. A manjedoura ensina que a condição social não pode determinar a posição de alguém diante de Deus. A manjedoura ensina que “a vida do homem não consiste na quantidade de seus bens” (Lc 12.15). A manjedoura ensina que a Luz dos homens (Jo 8.12) veio ao mundo na forma mais simples possível, da mesma forma que devemos ser luz em qualquer lugar (Mt 5.14-16). Não importa se temos uma simples vela ou um candelabro de ouro, ambos só têm valor quando proporcionam luz. A manjedoura ensina que mais importante que a forma, é a essência. É mais importante ser do que aparentar ser.
Quando olho para a manjedoura também me lembro que não havia lugar para Ele na hospedaria. E isso faz-me refletir se Cristo têm encontrado lugar em nossas vidas. Será que hoje têm faltado lugar para Ele em nossas vidas como naqueles dias? Portanto, a manjedoura também nos alerta a vigiar, pois somos moradas do Espírito Santo (1 Co 6.19). Percebo que ao olhar para a manjedoura não basta saber que Cristo nasceu, mas sim se ele nasceu em nós. Aprendo que precisamos ser praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes (Tg 1.22, 1 Jo 3.18). Como o próprio Senhor Jesus disse:
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.”
MT 7.21 NVI